Quilombolas denunciam desmatamento ilegal em sítio histórico na Chapada

Autoridades estão apurando um desmatamento ilegal de mais mil hectares no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, na região da Chapada dos Veadeiros, em Cavalcante (GO). A situação foi denunciada pela comunidade quilombola kalunga da região.

A Secretaria de Meio Ambiente de Goiás (Semad) apurou que já foram desmatados ilegalmente quase 1 mil hectares desde dezembro do ano passado, sendo que mais de 500 hectares foram degradados nos últimos 15 dias em duas fazendas do local, próximo ao complexo de cachoeiras do Rio Prata.

“Eles foram abrindo devagar os primeiros 500 hectares e os últimos 500 fizeram praticamente de uma vez só”, explicou a secretária Andrea Vulcanis, que está indo ao local, mas já tem uma equipe na região. Também está lá apurando a situação a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente de Goiás (Dema).

Não há licença
Apesar de estar dentro do sítio histórico, as duas fazendas são de propriedade privada, não tendo sido ainda desapropriadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No entanto, não possuem licença expedida, conforme informou a Semad, para realizar o desmatamento.

Qualquer ação no território calunga precisa de autorização da comunidade, o que não aconteceu. Vulcanis explicou ainda que mesmo se o pedido de licença tivesse sido feito à Semad, ele teria sido negado. “E no tamanho que está sendo proposto, seria preciso de um Eia/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) e uma série de ações. Não pode acontecer dessa forma não”, disse. De acordo com ela, o desmatamento é grande e a situação é séria.

A ação foi descoberta por calungas nesta semana, e denunciada por eles na última terça-feira (2/6). As fazendas ficam em região distante que, sem o turismo, realizado pelas comunidades calungas, não tem muito fluxo de pessoas.

A área específica fica dentro da comunidade do Prata. O presidente da Associação Quilombola Kalunga (AQK), Jorge Moreira de Oliveira, afirma que a situação aconteceu “escondida”. “Quando a gente veio saber, já estava grave”, disse.

As fazendas ficam dentro do quilombo calunga do Prata, na região do Rio com o mesmo nome e do qual a comunidade depende. “Sem contar que ali tem lindas cachoeiras que é de onde muitos calungas tiram renda com o turismo. Está fechado agora por causa da pandemia”, explicou. De acordo com ele, foi apurado até o momento que o desmatamento seria para plantio de soja. “Está dentro do nosso território, que a gente preserva há mais de 300 anos”, disse.

Os Kalunga são maior comunidade de remanescentes de quilombolas do Brasil – descendentes de escravos que fugiram e formaram comunidades. No Estado de Goiás, ficam nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre.

+ sobre o tema

Quilombos no ES: Retrocesso com nome sobrenome

Manaira Medeiros Os deputados estaduais Eustáquio de Freitas (PSB)...

Jorge Ben canta ‘Zumbi’ em rara gravacao ao vivo de 1973

No mes novembro da Consciencia Negra. Rememeber para sempre:...

Consciência Negra programação Maranhão 2011

20/11 Inauguração simbólica do Museu Histórico Afro Gonzaguense Ivaldo da...

para lembrar

Lei isenta comunidades quilombolas do pagamento do ITR e perdoa dívida

A partir de agora, as comunidades quilombolas não terão...

Comunidade quilombola Onze Negras mais perto dos benefícios previdenciários

Fonte: jornal Irohin online - Extraído de: Ministério Público...
spot_imgspot_img

Inscrições abertas para compor banco de itens do Saeb

As inscrições para credenciamento de colaboradores interessados em compor o Banco de Colaboradores do Banco Nacional de Itens (BC-BNI) do Sistema de Avaliação da...

Liderança de mulheres quilombolas é tema da websérie que será lançada no Dia Internacional da Mulher por grupo de pesquisa da UFV

 Iyalodè, palavra iorubá para "aquela que lidera”, nomeia a primeira temporada da websérie “Meios de Prosa”. Nela, quatro mulheres de comunidades quilombolas de Minas...

Quilombolas de Marambaia lutam por melhorias nos serviços públicos

Mesmo após a titulação, a comunidade quilombola da Ilha da Marambaia, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, visitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da...
-+=