Quilombolas da comunidade de Porto dos Cavalos, Martelão e Ponta Grossa, localizada na Ilha de Maré, paralisam desde o último sábado (25) uma sonda de perfuração de poços de petróleo da Petrobras como forma de protesto pelo não-cumprimento de promessas feitas pela estatal para desenvolver projetos sociais na região.
De acordo com a porta-voz do movimento, Eliete Paraguassu, a pauta é discutida desde 2003 como contrapartida aos impactos ambientais na comunidade onde estão instalados os equipamentos da empresa. A comunidade depende do comércio da fauna marinha local.
Até o momento, contudo, a estatal ainda não ofereceu o prometido com a comunidade localizada na Baía de Todos os Santos, o que incluía creche comunitária, inclusão digital e capacitação de capacitação, ainda de acordo com os quilombolas. “Está chegando 2015 e nada foi feito. Resolvemos parar a sonda de perfuração. A comunidade quilombola é único caminho onde a Petrobras entra, e estão impedindo as pessoas de entrarem”, informou Eliete.
Uma assembleia foi realizada na manhã desta quinta-feira (30) entre os quilombolas e representantes da empresa, porém, a comunidade refutou a proposta de fazer uma seleção dos beneficiados pelos projetos. “Não queremos fazer a seleção porque apagaria a memória da comunidade e todos os conflitos que já aconteceram entre nós e a empresa, que já está aqui no território há 52 anos. Além disso, como a seleção o projeto só vingaria em 2017, queremos isso logo”, disse a porta-voz.
Apesar da comunidade de Porto Cavalos, Martelão e Ponta Grossa estar certificada como quilombola pelo governo federal desde setembro de 2005, Eliete declarou que eles ainda não foram favorecidos com políticas públicas de proteção aos quilombolas. “Estamos ao Deus dará!”, lamentou Eliete. A reportagem buscou mais informações junto a Petrobras mas, até o fechamento da reportagem, não conseguiu contato com a estatal.
Fonte: Combate Racismo Ambiental