A ameaça da mineração na Serra do Curral não é só para as cidades do entorno. Moradores de uma comunidade quilombola denunciam que serão prejudicados. Eles afirmam que não foram sequer consultados nem pela Taquaril Mineração S.A (Tamisa) e nem pelo governo do estado sobre os impactos na comunidade local.
A mineradora recebeu aval do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) para obter licenças que liberam empreendimento minerário na região.
“Estamos muito preocupados. Em momento algum fomos citados, tampouco convidados a participar. Foi um susto para a comunidade”, disse a líder comunitária do quilombo Manzo, Makota Kidoidale.
Os quilombolas temem que a vegetação e os córregos que usam em rituais culturais e religiosos sejam afetados. Eles estão a pouco mais de 2km da Serra do Curral.
A mineradora Tamisa afirma que não há previsão de impactos ambientais na área urbana de Belo Horizonte em geral, nem no bairro Santa Efigênia, onde fica o quilombo, na Região Leste da cidade.
O g1 também procurou o governo do estado sobre o assunto, mas não houve resposta.
O empreendimento
O licenciamento para o complexo minerário foi aprovado na madrugada do último sábado (30), após mais de 18 horas de reunião. Oito conselheiros votaram a favor do empreendimento, e quatro votaram contra. Todos os representantes do governo estadual se posicionaram pela aprovação do projeto.
O projeto está localizado em Nova Lima, nas proximidades da divisa com Belo Horizonte e Sabará.
O empreendimento será dividido em duas fases, que serão implantadas e operadas ao longo de 13 anos. O projeto prevê que serão lavrados e beneficiados aproximadamente 31 milhões de toneladas de minério de ferro, resultando em 24 milhões de toneladas de produtos.
Para a instalação do complexo, será necessário devastar 41,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica, dos quais quase seis hectares estão em áreas de preservação permanente.
A área total do empreendimento – Área Diretamente Afetada – é de 101,24 hectares.