Raça e gênero moldam campanha presidencial nos Estados Unidos

Fundada por um imigrante turco em Nova York, a popular marca de iogurte grego Chobani emprega 300 refugiados sírios e afegãos entre seus 3 mil funcionários. Por isso, sites de notícias ligados ao Partido Republicano, como o Breitbart, sugeriram boicote à Chobani, acusando os refugiados de serem estupradores ou terroristas disfarçados.

por Raul Juste Lores no Folha de São Paulo

No último debate presidencial, Donald Trump disse que “milhares de americanos” eram mortos por imigrantes ilegais, “bad hombres” para ele (o uso do espanhol dice todo).

O candidato republicano ao Senado por Illinois ironizou sua adversária democrata —filha de branco e tailandesa, ela lutou na guerra do Iraque, onde perdeu as duas pernas. “Os pais dela certamente vieram da Tailândia para servir ao general George Washington”, espetou.

A nova cara do Partido Republicano tem falado mais de raça que de livre mercado e livre iniciativa.

O próprio Trump fala de caos e violência nas “inner cities” (zonas centrais, que têm população de maioria negra em muitas cidades americanas). Cada vez que critica o fracasso das “inner cities”, o movimento negro sente um calafrio.

Desde que um presidente democrata, Lyndon Johnson, aprovou o fim da segregação racial nos anos 60, o antigo Sul escravocrata se tornou majoritariamente republicano. Passaram-se cinquenta anos em que os líderes conservadores cortejavam os racistas, sem abraçar tais ideias.

A raça está acompanhada na campanha por questões de gênero. Por dois minutos no último debate, uma eternidade nos tempos da TV, Hillary defendeu o direito da mulher abortar. Trump a acusava de defender “que se arranque do ventre” fetos de nove meses. Desde a legalização do aborto, em 1973, pela Corte Suprema, líderes republicanos atacam a decisão.

A democrata também falou da necessidade de se instituir uma licença-maternidade paga no país, onde as empresas decidem se concedem o benefício. O republicano se opõe.

Mas Trump tirou o racismo e o machismo do armário. Ele os representa. Muitos brancos empobrecidos e sem diploma defendem os programas bilionários de pensões e de saúde de que são beneficiários, mas atacam os “gastos” com hispânicos e negros.

A virada demográfica cria ressentimento: 17% da população já é hispânica. No censo de 2010, 64% dos americanos eram brancos (eram 85% em 1960). Desde 2009, imigrantes asiáticos superaram latino-americanos como maior grupo de recém-chegados aos EUA. Como os hispânicos, eles votam principalmente nos democratas.

Quando Obama se reelegeu, em 2013, teve uma vantagem de 11 pontos com as eleitoras sobre o candidato republicano Mitt Romney (55% contra 44%). Hillary tem mais de vinte pontos à frente de Trump com elas nas pesquisas. Entre hispânicos e asiáticos, Obama teve 45 pontos de vantagem em relação ao republicano há quatro anos.

Mal se fala de política econômica na campanha dos dois impopulares candidatos. Mas o homem branco daria vitória folgada para Trump. Será que ele vai aprender o que é ser minoria?

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