Racismo e xenofobia contra haitianos em ônibus em Cuiabá são apurados pela polícia; veja vídeo

Passageiro xingou haitianos que estavam no ônibus e citou Hitler. Delegado disse que crime atinge toda a coletividade.

FONTEG1, por Cinthya Rocha
Frame do vídeo (Reprodução/TV Centro América/G1)

A polícia investiga crimes de racismo e xenofobia contra dois haitianos em um ônibus, em Cuiabá. Um passageiro filmou a cena. A partir desse vídeo, o delegado da Polícia Civil Wagner Bassi Júnior disse que vai abrir uma investigação e tentar localizar o passageiro autor do crime.

Frame do vídeo (Reprodução/TV Centro América/G1)

Quando um dos haitianos entrava no ônibus, o homem começou a xingar.

“Desgraçado, haitiano filho da p***. Olha outro aí também haitiano irmão. Por isso, Hitler está certo”, disse numa alusão ao ditador alemão Adolf Hitler.

Ele citou que a pena para o crime de injúria racial é de reclusão de 1 a 3 anos e de racismo, de 2 a 5 anos, que é quando atinge toda a coletividade. “Vai ser instaurado inquérito policial pode gerar inclusive prisão em flagrante desse indivíduo”, disse.

Segundo Bassi, o racismo pode ser configurado, por exemplo, quando uma empresa não não contrata alguém por ter cor de pele negra ou impede o acesso ao ônibus, ou de sentar-se no banco ao lado por ser negro. “Quando atinge toda a coletividade é mais grave”, pontuou.

As vítimas não registraram boletim de ocorrência. Mas, o delegado explica que no caso de injúria racial por ser um crime da honra pessoal há a necessidade de que, além do boletim de ocorrência, a pessoa formalize uma representação para que seja instaurado o procedimento. A polícia só pode agir com essa formalização.

Contudo, no caso de racismo, não é necessária essa formalização, porque é um crime que atinge toda a coletividade.

Além de racismo, ele cometeu xenofobia e injúria racial.

Veja o vídeo da reportagem

O secretário da Associação de Defesa dos Haitianos Imigrantes e Migrantes de Mato Grosso, Rafael Alexandre Lira, são muitos os relatos de crimes e preconceito sofridos pelos estrangeiros no transporte coletivo.

“A gente recebe muitos relatos a respeito do transporte público coletivo. Por exemplo, tem uma vaga ao lado e a pessoa coloca uma bolsa coloca um objeto para (o haitiano) não sentar ali, mas o não é lugar dela. E a gente percebe que é discriminação racial”, contou.

De acordo com o presidente da Organização de Suporte às Atividades dos Migrantes no Brasil, Duckson Jacques, infelizmente essa é uma situação quase que comum praticada contra os haitianos. A xenofobia e o racismo estão em todos os lugares desde o ato de esconder objetos de valor na bolsa, olhares desconfiados até agressões verbais como o que aconteceu no transporte coletivo.

“Como eles sempre andaram em grupos, as pessoas tinham medo, escondiam objetos tinham medo”, disse.

Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública mostram que houve um aumento de 69% nas ocorrências de injúria mediante preconceito. Foram 13 ocorrências em 2019 e 22 no ano passado.

Para a presidente do Conselho de Políticas de Ação Afirmativa da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Zizele Ferreira, a sociedade tem muito a aprender e que é preciso empatia.

“A empatia é que te faz observar essa situação, filmar, parar o ônibus e chamar a polícia. Exigimos a apuração e a punição”, disse.

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