RACISMO EM RIBEIRÃO PRETO: Justiça permite que acusados de racismo expulsos da faculdade concluam curso

Liminar permite que alunos continuem nas aulas em Ribeirão Preto.
Centro Universitário Barão de Mauá irá recorrer da decisão.


A Justiça de Ribeirão Preto, a 313 km de São Paulo, concedeu uma liminar para que os três estudantes, acusados de racismo contra um trabalhador em dezembro do ano passado, retornem às aulas e concluam o curso. Os jovens foram expulsos pelo Centro Universitário Barão de Mauá, no dia 1º deste mês, após sindicância feita por uma Comissão Administrativa de Inquérito, formada por professores e funcionários da instituição.

Nesta segunda (8), a direção da universidade, por meio de nota à imprensa, disse que respeitará e cumprirá a decisão judicial, mas que também irá recorrer ao Judiciário para que sua decisão seja aplicada.

“A Justiça entendeu que a aplicação da pena de expulsão é desproporcional à atitude dos alunos e deferiu o pedido de liminar”, informa a nota, divulgada após uma reunião da direção, já que a liminar chegou à instituição na noite de sexta-feira (5).

“O Centro Universitário Barão de Mauá reitera que a decisão da Faculdade de Medicina se baseia em razões éticas e não de natureza criminal. A formação de um médico extrapola a mera técnica para invadir os preceitos de moral e comportamento ilibado. O que procuramos ensinar e educar aos nossos alunos é agir de acordo com respeito ao humanismo e a ética e vamos continuar a preservar tais valores”, diz ainda a nota da universidade.

A liminar judicial em favor dos estudantes, que têm de 19 a 21 anos, ocorreu após recurso impetrado por seus advogados. Os três alunos são acusados de racismo e agressão.

Na manhã de 12 de dezembro de 2009, os três agrediram um auxiliar de serviços gerais de 55 anos com um tapete enrolado, e um deles gritou “negro”, numa das principais avenidas da cidade. Eles foram detidos em flagrante pela Polícia Militar e liberados no mesmo dia pelo juiz de plantão Ricardo Braga Monte Serrat, sob pagamento de fiança de R$ 5.580 cada um.

O juiz baseou-se num caso semelhante, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que não considerou o fato como racismo, mas como injúria por conotação racista. O caso gerou protestos na cidade e até moção de repúdio da Câmara Municipal.

Leia mais sobre o caso:

RACISMO EM RIBEIRÃO PRETO: Estudantes acusados por racismo conseguem liminar e podem voltar para a faculdade

RACISMO EM RIBEIRÃO PRETO: Universidade expulsa alunos suspeitos de agressão no interior de SP

RACISMO EM RIBEIRÃO PRETO, MAIS UM CASO PARA PENSARMOS QUE PAÍS É ESTE?

RACISMO EM RIBEIRÃO PRETO: Universidade afasta jovens acusados de racismo em SP

Estudantes de medicina são presos por racismo em RP

Fonte: G1

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...