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    Camila Moura de Carvalho (Arquivo Pessoal)

    Camila Moura de Carvalho: Por que o feminismo negro?

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      Zilda Maria de Paula (à esq.), líder das mães de Osasco e Barueri, conversa com Josiane Amaral, filha da vítima Joseval Silva Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

      Defesa de réus de chacina tenta desacreditar mães de vítimas, diz defensora

      Foto: Reprodução/ TV Globo

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      Bianca Santana, jornalista, cientista social e pesquisadora - Foto: Bruno Santos/Folhapress

      Notícia sem contexto contribui para o genocídio negro no Brasil, afirma pesquisadora

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      Alice Hasters – Por que os brancos gostam de ser iguais

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      Foto: Diêgo Holanda/G1

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      Foto: Deldebbio

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      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

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        Chiquinha Gonzaga aos 47 anos, em 1984 (Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Ciquinha Gonzaga)

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              Racismo na universidade: “Preto é feio. Quem gosta é polícia e ponto final”

              22/10/2020
              em Casos de Racismo
              Tempo de leitura: 5 min.

              Fonte: ECOA, por Bianca Santana
              Bianca Santana - Foto: João Benz

              Bianca Santana - Foto: João Benz

              — Nossa, que gatinho!

              — Eu prefiro meu pretinho.

              — Amiga, quem gosta de preto é a polícia.

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              25/02/2021

              Gabriela Nunes estava com 24 anos de idade, no intervalo entre aulas da universidade, comprando um milho cozido, quando uma colega começou o diálogo. Algumas frases depois, tinha voltado aos 7 anos de idade, quando o padrinho jogava sinuca em um bar na esquina de casa, em Embu das Artes, e foi assassinado por policiais. O mesmo tipo de terror que sentira aos 4 anos de idade, quando um amigo da mãe foi alvejado na porta de sua casa.

              — Amiga, não fala assim, por favor. Meu padrinho era um homem preto e foi assassinado pela polícia quando tinha 25 anos de idade.

              Enquanto argumentava, esperando uma retratação da colega, Gabriela via o corpo do padrinho durante o velório, repleto de algodões. A atualização de um trauma, característica do racismo cotidiano, que suspende tempo, espaço, e nos carrega de volta a uma situação extrema.

              Gabriela pediu duas vezes para que a amiga se desculpasse e retirasse o que disse, porque ouvir aquela frase racista era muito doloroso.

              — Preto é feio. Quem gosta é a polícia e ponto final.

              Negra de pele clara, Gabriela ainda ouviu que não era negra.

              Aquela não foi a primeira experiência de racismo vivida por ela. No colégio particular de elite onde a avó era faxineira e Gabriela estudou por alguns anos, era chamada de macaca, fedida, piolhenta; ouvia as palavras preta e pobre também como xingamentos. “Mas no colégio era todo mundo branco. Na Unip tem muita gente como eu, negra, parda, cor de papelão como dizem. Achei que não fosse passar por isso lá”.

              Abalada, procurou uma professora negra sensível à temática racial para buscar orientações. Camila Costa, que ministrava a disciplina de antropologia para a turma de Gabriela, era muito solicitada por estudantes buscando orientação e suporte emocional em episódios de racismo e sexismo dentro da universidade. Orientou Gabriela a registrar um boletim de ocorrência. Com o BO de injúria racial em mãos, Gabriela começou a receber ameaças da aluna: “ela falava que ia cortar meu rosto de fora a fora para nunca mais esquecer dela. Procurei a faculdade inúmeras vezes e nunca fizeram nada.”

              Apesar do apoio recebido das amigas negras, Gabriela conta que passou a ser hostilizada por pessoas de toda a universidade. Ouvia que não entendiam o motivo daquilo, já que ela nem era preta. “Eu chorava por medo. Chorava porque não era preta, nem branca, não sabia mais o que era. Fiquei deprimida, comecei a tomar remédio e acabei abandonando o curso”. Desde o final de 2017, quando se desligou da Universidade Paulista (Unip), Gabriela não falava sobre essa história.

              Até que no último 1º de outubro, o The Intercept publicou a reportagem “Após aluna relatar ter sido vítima de racismo, Unip demite testemunhas”. Gabriela retomou contato com a professora Camila, quando soube que ela também estava afastada da Unip.

              “Chegou um momento em que eu era professora com quem os alunos vinham conversar sobre todos os problemas, desde a vontade de se matar até o racismo”, conta à coluna Camila Costa. “Três vezes relatei episódios de racismo ao coordenador do curso de relações internacionais e ele me mandou não fazer nada”. No caso de Gabriela, a professora Camila afirma que levou à coordenação do curso da unidade Pinheiros e ouviu que, como professora, não deveria se envolver em nenhuma outra questão fora da sala de aula. Disseram que casos de racismo não diziam respeito a ela, o que foi corroborado dois dias mais tarde, pelo coordenador geral do curso de relações internacionais, no campus Paraíso. O coordenador disse que professores não eram assessores jurídicos, nem psicólogos, nem psiquiatras, então eu não deveriam se envolver em denúncias de racismo. “Não é interessante para a Universidade. Não é interessante para você”, ouviu Camila em tom de ameaça.

              No episódio reportado pelo The Intercept, este coordenador de curso, Enzo Fiorelli Vasques, teria se dirigido a uma jovem negra, na frente de toda a sala de aula, na presença de um professor e outro coordenador, de forma vexatória: “Gosto muito de vocês, negros, inclusive tenho amigos africanos com esse mesmo ‘tipo’ de cabelo”. Camila afirma que não se surpreendeu com o que Enzo disse, mas se espantou que tenha dito na frente de testemunhas. “Sempre que eu tentava me colocar, o professor Enzo comentava dos cachos do meu cabelo, de como é bonita minha cor de pele, de como meu sotaque cearense é saboroso. Eu tentava falar, e ele me cortava. Minha negritude e o fato de ser nordestina pareciam interessar mais que qualquer assunto importante a discutir”.

              Em um mês de setembro, um aluno de Camila se suicidou, aos 23 anos de idade. Ela sugeriu uma palestra, no contexto do setembro amarelo, para lidar com o tema que estava tomando a atenção de muitos estudantes. “Não somos psicólogos, nem psiquiatras”, ouviu mais uma vez. “A Unip promete formar cidadãos, promete os melhores cursos, as melhores condições, mas mente, porque esconde os casos de racismo, suicídio, assédio moral, sexual”, diz Camila, que está afastada da universidade por motivos de saúde. “Quando os alunos perguntaram da minha ausência na sala de aula, responderam que a Camila está louca. A Camila não está louca.

              O professor Enzo Fiorelli Vasques não respondeu meu e-mail de pedido de entrevista para esta coluna. Sem tratar dos casos específicos, a Universidade Paulista respondeu à minha solicitação de entrevista com um e-mail: “A questão racial dos negros é uma preocupação de nossa escola há décadas. Tanto é assim que o Grupo Unip-Objetivo apoia a Universidade Zumbi dos Palmares, desde que esta foi fundada.” Diante da menção à Zumbi dos Palmares, procurei a assessoria de imprensa da instituição, que não agendou uma entrevista nem comentou a resposta da Unip até o prazo acordado.

              Outra estudante do curso de relações internacionais da Unip que preferiu não se identificar, me contou, por telefone, que o coordenador Enzo sempre fez questão de comentar o fato de ela ser negra a cada encontro. “Sempre fez pelo menos um comentário sobre o meu cabelo, a cor da minha pele realçada pela cor da blusa. Uma vez, fui com uma colega branca à sala dele falar sobre atividades complementares. Olhando fixamente para ela, sem se dirigir diretamente a mim, começou a dizer que estava um mimimi desse pessoal negro, que ele tinha um irmão assim, passando o dedo no braço, para marcar que estava falando sobre a pele escura”. Constrangidas, as duas alunas foram embora e não falaram mais no assunto até a notícia que mencionava a retaliação aos professores que foram testemunhas em uma sindicância interna.

              Luiz Fernando Mocelin Sperancete foi demitido. E Fábio Maldonado não recebeu atribuições de aula neste semestre. “Estou em um limbo. Eu fui demitido durante licença médica, mas não pagaram as verbas rescisórias. Não recebo salário, mas também não deram baixa na minha carteira de trabalho para eu receber o seguro desemprego. Não me pagaram qualquer direito trabalhista”, registra Fábio.

              “Decidi contar sobre o racismo que vivi para mostrar que é um padrão dentro da Unip”, diz a aluna que preferiu não se identificar. “Normalmente, prefiro não falar porque machuca. Mas não podia ficar em silêncio diante do que aconteceu com a professora Camila, com o professor Fábio, e com as outras alunas que se posicionaram. Se minha dor pode ajudar alguém, é melhor contar também”. A aluna ressalta que viveu excelentes experiências na Unip e que gosta muito do curso, por isso é ainda mais importante se movimentar para que não haja espaço para o racismo. “Tenho chorado muito ultimamente, quando falo e ouço outros depoimentos. Mas receber o apoio da minha sala, majoritariamente branca, me faz ter esperança. Porque eles também estão preocupados com o racismo.”

              Fonte: ECOA, por Bianca Santana
              Tags: Bianca SantanaRacismoracismo na universidade
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              • "Quando resolvi organizar o livro Diálogos Contemporâneos sobre Homens Negros e masculinidades, junto com o professor Rolf de Souza, um projeto pensado, e escrito exclusivamente por homens negros (das mais diferentes matizes fenotípicas, ideológicas, sexuais, etc.), um dos motivos, era que nos últimos anos vinha sentindo uma “atmosfera” de desqualificação sistemática e generalizada sobre nós. Havia uma retórica inflamada por parte de um segmento do movimento das mulheres negras que identificavam os homens negros como a síntese de todos os males da população negra: violência, preterimento, violação, alienação, abandono, enfim o degenerado perfeito." Leia o Artigo de Henrique Restier em: www.geldes.org.br
              • Para fechar fevereiro, a coluna Nossas Histórias vem com a assinatura da historiadora Bethania Pereira, que nos convida a pensar sobre as camadas de negação da história do Haiti. Confira um trecho do artigo do artigo"O Pioneirismo haitiano nas lutas pela liberdade no Atlântico"."A partir de 1824, o presidente Jean-Pierre Boyer passou a oferecer terras e cidadania para os imigrantes exclusivamente negros, vindos dos Estados Unidos. Ao chegar no Haiti, as pessoas teriam acesso a um lote de terra, ferramentas e, após um ano, receberiam a cidadania haitiana. A fim de fazer seu projeto reconhecido, Boyer enviou Jonathas Granville como seu representante oficial para os Estados Unidos. Lá, Granville pode se reunir com afro-americanos de diferentes locais mas, aparentemente, foi na cidade de Baltimore, onde ele participou de reuniões na African Methodist Episcopal Church – Bethel [Igreja Metodista Episcopal Africana] e pode se encontrar com homens e mulheres negros e negras. Acesse o material na íntegra em: A Coluna Nossas Histórias é parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultune #Haiti #Liberdade #Direitos #SéculoXIX #HistoriadorasNegras #NossasHistórias.
              • #Repost @naosomosalvo • • • • • • A @camaradeputados, o @senadofederal e o @supremotribunalfederal precisam frear a política armamentista da Presidência da República, que coloca em risco nossa segurança e nossa democracia. 72% da população brasileira é contrária à proposta do governo de que é preciso armar a população: precisamos unir nossas forças e vozes contra esses retrocessos! Pressione agora: www.naosomosalvo.com.br As armas que a gente precisa são as que não matam.
              • No próximo sábado, dia 27 de fevereiro, às 17h, as Promotoras Legais Populares- PLPs, realizam uma live para falar sobre ações e desafios durante a pandemia, no canal do YouTube de Geledés Instituto da Mulher Negra.
              • Abdias Nascimento, por Sueli Carneiro “Sempre que penso em Abdias Nascimento o sentimento que me toma é de gratidão aos nossos deuses por sua longa vida e extraordinária história fonte de inspiração de todas as nossas lutas e emblema de nossa força e dignidade. A história política e a reflexão de Abdias Nascimento se inserem no patrimônio político-cultural pan-africanista, repleto de contribuições para a compreensão e superação dos fatores que vêm historicamente subjugando os povos africanos e sua diáspora. Abdias Nascimento é a grande expressão brasileira dessa tradição, que inclui líderes e pensadores da estatura de Marcus Garvey, Aimé Cesaire, Franz Fannon, Cheikh Anta Diop, Léopold Sedar Senghor, Patrice Lumumba, Kwame Nkruman, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Steve Biko, Angela Davis, Martin Luther King, Malcom X, entre muitos outros. A atualidade e a justeza das análises e das posições defendidas por Abdias Nascimento ao longo de sua vida se manifestam contemporaneamente entre outros exemplo, nos resultados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida em setembro de 2001, em Durban, África do Sul, que parecem inspiradas em seu livro O Genocídio do Negro Brasileiro (1978) e em suas incontáveis proposições parlamentares.Aprendemos com ele tudo de essencial que há por saber sobre a questão racial no Brasil: a identificar o genocídio do negro, as manhas dos poderes para impedir a escuta de vozes insurgentes; a nos ver como pertencentes a uma comunidade de destino, produtores e herdeiros de um patrimônio cultural construído nos embates da diáspora negra com a supremacia branca em toda parte. Qualquer tema que esteja na agenda nacional sobre a problemática racial no presente já esteve em sua agenda política há décadas atrás, nada lhe escapou. Mas sobretudo o que devemos a ele é a conquista de um pensar negro: uma perspectiva política afrocentrada para o desvelamento e enfrentamento dos desafios para a efetivação de uma cidadania afrodescendente no Brasil, o seu mais generoso legado à nossa luta.” 📷Romulo Arruda
              • #Repost @brazilfound • • • • • • InstaLive Junte-se a nós para uma conversa com Januário Garcia, ícone da história do movimento negro no Brasil, enquanto celebramos o mês da história negra (Black History Month).⁠ ⁠ 📆: Terça-feira, 23 de fevereiro ⁠ ⏱: 18 hs horário de Brasília⁠ 📍: Instagram da BrazilFoundation (@brazilfound)⁠ ⁠ Fotógrafo brasileiro, Januário Garcia há mais de 40 anos vem documentando os aspectos social, político, cultural e econômico das populações negras do Brasil. Formado em Comunicação Visual, passou por prestigiados jornais e grandes agências de publicidade do Rio de Janeiro e é autor das fotos de álbuns icônicos de artistas consagrados. ⁠ ⁠ Januário participa de importantes espaços de memória, arte e cultura do povo negro; é co-fundador do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, é membro do Conselho Memorial Zumbi e, atualmente, Presidente do Instituto Januário Garcia, um Centro de Memória Contemporâneo de Matrizes Africanas.⁠ ⁠ *⁠ #BrazilFoundation #mêsdahistórianegra #blackhistorymonth #januáriogarcia #brasil @januariogarciaoficial
              • Hoje é o dia nacional de luta por um auxílio emergêncial de 600 reais até o fim da pandemia! Fortaleça em todas as redes: #AuxilioEmergencial600reais #AteOFimDaPandemia #VacinaParaTodesPeloSUS Acompanhe os atos: https://coalizaonegrapordireitos.org.br/ato-nacional-pelo-auxilio-emergencial/
              • "As estratégias de liberdade desempenhadas pelos escravizados tiveram muitas dinâmicas. Em algumas oportunidades, era a carta de alforria o recurso daqueles que buscavam conquistar a saída da escravidão." Leia o artigo do historiador Igor Fernandes de Alencar, para a coluna
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              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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