Racismo no aeroporto de Aracajú: Médica é condenada a indenizar vítima de racismo em R$ 10 mil

A médica Ana Flávia Pinto Silva foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Sergipe a pagar R$ 10 mil de indenização ao funcionário da Gol, Diego José Gonzaga, informou o site Emsergipe. Em outubro de 2009, no Aeroporto Santa Maria, em Aracaju, um vídeo feito por celular e divulgado pela internet mostrou Ana Flávia chamando Diego de ‘nego’, ‘morto de fome’ e ‘analfabeto’, além de humilhar outros funcionários da companhia aérea por ter chegado atrasada para o check-in de um voo para a Argentina, onde passaria lua-de-mel.

Segundo decisão tomada esta manhã pela 3ª Vara Criminal do Fórum Gumercindo Bessa, a médica também não poderá sair de casa após às 22h durante dois anos e, neste mesmo período, não poderá sair do estado por mais de 30 dias.

– Entendemos que houve justiça. Ela terá que indenizar a vítima além de sofrer com sanções perante a sociedade – disse o promotor João Rodrigues Neto, responsável pela denúncia.

O caso aconteceu no saguão do aeroporto e provocou revolta em movimentos negros de Sergipe. Segundo a delegada Georlize Teles, Delegacia de Grupos Vulneráveis, que investigou o crime, o voo para a Argentina estaria programado para sair por volta das 5h e a passageira teria chegado ao balcão para fazer o check-in trinta minutos antes.

O boletim de ocorrência relata que Ana Flávia teria invadido o espaço destinado aos funcionários da companhia aérea após ser informada de que não poderia embarcar. Em depoimento à polícia, o supervisor da Gol disse que a médica teria ficado descontrolada e gritado que a viagem para a Argentina seria de lua de mel. Em seguida, ainda de acordo com o depoimento do funcionário da companhia aérea, ela passou a quebrar objetos do balcão da empresa e a jogar papéis no chão.

– O fato nunca será esquecido, a humilhação foi grande, mas fico feliz por houve justiça. Tenho certeza que ela vai pensar duas vezes antes ofender alguém, ela vai pagar pelo que fez. Que isso sirva de lição para as outras pessoas – disse Diego.

Na ocasião, em nota, a médica disse que “o episódio foi fruto de um somatório de circunstâncias as quais me afetaram emocionalmente, induzindo-me a uma situação de extremo estresse” e que “minhas atitudes, em nenhum momento, foram revestidas de qualquer tipo de preconceito contra quem quer que seja”. Ela ainda acrescenta que fez o check in “‘depois de uma noite atribulada em razão do estresse, ansiedade e desgaste físico relacionados às fases antes, durante e pós núpcias”. No fim do texto, a médica ainda pedia “desculpas ao funcionário da Gol , Diego José Gonzaga, e a toda sociedade sergipana pelo lamentável episódio”.

Para saber mais sobre o caso:

Racismo no aeroporto de Aracaju

RACISMO EM ARACAJU: MPE denuncia médica do caso “Injúria racial no aeroporto em Sergipe”

 

YouTube video

Para ver o vídeo de ofensas siga o link: http://youtu.be/j8lLOUbMt5s

Fonte: Viomundo

+ sobre o tema

Inscrições para o Enem começam nesta segunda (5)

As inscrições para o Enem 2023 começam nesta segunda-feira (5). Os...

‘Racismo é estrutura que aprisiona pessoas negras’, diz Bárbara Carine

Desejos por profundas e assertivas mudanças no aspecto educativo...

3 anos sem Miguel: ‘Eles podem ter a influência que for, mas não vou me calar’, diz mãe

Nesta sexta-feira (02) se completam três anos da morte do...

para lembrar

Cidade italiana causa revolta ao destinar vagas para grávidas

Uma medida da Prefeitura de Pontida, na Itália, causou...

Não existe racismo em Santa Catarina

Por: Urda Alice Klueger     A América...

Mulher que ofendeu professoras responde por racismo e injúria racial em MG

Inquérito da Polícia Civil concluiu que houve a prática...

Cuiabá: Combate ao racismo é destacado na abertura do Seminário do Sintep/MT

  Teve início, na manhã desta sexta-feira (14),...
spot_imgspot_img

Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.

Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos...

‘Moro num país racista’, diz empresário que encerrou contrato de R$ 1 mi por ser chamado de ‘negão’

Nem o ambiente formal de uma reunião de negócios foi capaz de inibir uma fala ofensiva, de acordo com Juliano Pereira dos Santos, diretor...

Coordenador do SOS Racismo de Geledés questiona decisões judiciais sobre racismo e injúria racial

Recentes casos de racismo que ocorreram de maneira individual e coletiva reacenderam os debates sobre a diferença entre a injúria racial e o crime...
-+=