Racismo no Futebol Alemão

Fonte: Lista Racial


Integração de imigrantes no futebol alemão funciona melhor no campo Racismo e xenofobia estão bastante presentes entre os torcedores de futebol na Alemanha. Para combater a xenofobia e o extremismo de
direita, muitos projetos com jogadores e torcidas organizadas surgiram no país.

Eles se chamam Podolski, Klose, Özil ou Asamoah – sem jogadores com histórico de migração, nenhum clube alemão de futebol poderia sobreviver na primeira divisão, como também seria problemático formar uma seleção nacional alemã.

Atribui-se ao futebol um papel de precursor da integração de estrangeiros e imigrantes na Alemanha. Uma pesquisa da Fundação Heinrich Böll apontou que cerca de metade dos 2 milhões de crianças e adolescentes que praticam o esporte em associações na Alemanha é descendente de imigrantes.

No entanto, se há integração no campo de futebol, em meio à torcida nem sempre ela funciona. Racismo e xenofobia estão bastante presentes entre os torcedores. E para jogadores estrangeiros, nem sempre é fácil
adaptar-se à estrutural organizacional de uma equipe de futebol alemã.

Além das emoções no campo e nas arquibancadas, a frustração social, o medo diante do estrangeiro e todo outro tipo de intolerância parecem encontrar sua válvula de escape no futebol.

Especialistas opinam

Segundo Günter Pilz, sociólogo que estuda os fãs do futebol pelo Instituto de Ciências do Esporte da Universidade de Hannover, a razão desse comportamento está no fato de haver, entre os torcedores e
membros das associações de futebol, aqueles que “vivem com o medo do futuro, não têm perspectivas, vendo, então, na retórica e no pensamento racista e xenófobo a solução de seus problemas”.

Estimulados pelo anonimato e pela vivência coletiva da massa, os torcedores aplicam na prática as palavras de ordem que circulam em seu meio. A constelação amigo-inimigo no jogo, a possibilidade de uma
identificação incondicional com o time, a sede de aventura e a forma como o futebol atrai a atenção do público e da mídia tornam o estádio de futebol bastante atraente para o racismo e o extremismo de direita.

Além disso, o futebol desfruta de grande importância social. O esporte não é somente o mais popular do país. A prática do futebol e a participação em clubes esportivos são também importantes elementos do
lazer dos alemães.

Angelika Ribler, consultora de política juvenil e esportiva na federação de esporte juvenil no estado alemão de Hessen, afirma que “por esse motivo, extremistas de direita tentam aproveitar as ofertas esportivas para usar os contatos e a rede social do esporte, com vista à divulgação de sua ideologia”.

No Leste e no Oeste

Extremismo de direita e comportamentos racistas, xenófobos e antissemitas podem ser observados, sem grandes diferenças, da primeira divisão às últimas divisões, tanto nos estados do Oeste quanto nos do
Leste alemão.

Segundo um estudo de 2006 do Instituto Alemão de Ciências do Esporte em Bonn, existiria uma diferença somente na forma de expressão. Nos novos estados alemães do Leste, o extremismo de direita entre os
torcedores é mais aberto e mais ofensivo do que no Oeste, onde o racismo é mais oculto e codificado.

Nas divisões superiores, onde os estádios se assemelham a áreas de segurança máxima com videovigilância e os serviços de segurança têm melhor formação profissional, encontra-se um racismo mais camuflado, o
racismo sutil.

Bons exemplos

Para combater o racismo e o extremismo de direita no contexto do futebol alemão, muitos projetos com jogadores e torcidas organizadas surgiram no país. O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB),
Theo Zwanziger, também declarou o tema racismo e discriminação como “assunto de primeiro escalão”.

Há três anos, Zwanziger nomeou Gül Keskinler para o cargo de responsável por assuntos de integração da DFB. Aos seis anos de idade, mudou-se de Istambul para a Alemanha. Ela é a primeira a assumir o
cargo da DFB. Seu trabalho é ajudar imigrantes não somente a se engajar em associações turcas na Alemanha, mas também ousar a integração em organizações alemãs.

Cabe também a ela deixar claro às associações esportivas alemãs que as equipes só têm a ganhar ao não deixar de fora turcos, marroquinos e albaneses. Keskinler lembra que existem importantes exemplos de
imigrantes que fizeram carreira de jogador ou jogadora de futebol na Alemanha, como Lucas Podolski, Mesut Özil e Fatmire Bajramaj, jogadora da seleção feminina de futebol da Alemanha que veio do Kosovo.

 

 

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