Acredito que as injustiças e perversidades que a população negra sofre desde o período da escravidão podem ser minimizadas por meio de políticas públicas voltadas à arte e cultura, através de um maior investimento dos órgãos públicos competentes com o objetivo de fomentar as manifestações culturais negras, para que assim se obtenha uma reparação social histórica através da reconstrução da nossa identidade.
Por atuar desde a minha adolescência em ações ligadas à cultura negra tradicional e contemporânea, como a Capoeira e o Hip Hop, as quais tenho propriedade em mencionar, analiso que nestas importantes manifestações artísticas há diversidades, portanto, com representações distintas, por exemplo, a Capoeira que através da oralidade, musicalidade e luta, explana a história da população negra desde o século XVI. Jáá o Movimento Hip Hop nacional surge na década de 80 relata através de protestos as injustiças ainda presentes, além disso, explica o motivo pelo qual a população negra está inserida nas grandes periferias sobrevivendo na precariedade devidos os reflexo das atrocidades causadas pela escravidão no Brasil.
As manifestações culturais citadas, como tantas outras existentes criadas pela população negra , são nossas verdadeiras heranças e possuem extrema importância para o nosso autoconhecimento e conscientização diante das injustiças e violações de direitos ainda presentes, num contexto histórico longe de uma democracia e equidade racial.
Com poucos incentivos culturais e o preconceito racial enraizado em nosso país, se torna desafiador fomentar as manifestações artísticas negras em sua essência, sem que seja necessário maquiar ou agradar os racistas. Estas manifestações, por si só, na sua originalidade podem servir de mecanismo potente para uma luta maior contra o racismo, desde que ouvida. Sabemos que seus efeitos positivos, formam tornar cidadãos críticos, criativos e intelectualizados capazes de mudar as realidades e combater o preconceito racial.
A cultura é um direito estabelecido por lei conforme prescreve o art. 215 da Constituição Federal de 1988, mas como não há grandes promoções por parte governo, cabe a nós, agentes culturais negras, nos mantermos firmes e fortes, para que possamos realizar artes, manifestos originais e independentes, termos a responsabilidade de buscar meios e manter a essência da cultura negra, além de promover ações envolventes, implantar e fortalecer o ser cultural em nossos semelhantes, em particular aqueles que se identificam, apreciam arte e cultura porém não têm acesso nem estímulo.