Rima Triste

Há uns dias Marielle questionou,

Ninguém veio responder.

Quantos corpos negros serão calados,

Pra você entender?


Por 
Maria Joana Dourado Guerra enviado para o Portal Geledés 

 

Todos os dias,

Não importa o meu grito,

Vejo morte nas vias,

E a cor da pele é um veredito.

 

 

No Cabula, Maré, Engenho Velho, Acari,

Dentro da escola,

Não pisa na bola,

Se duvidar, você também vai cair.

 

 

Nove balas tentaram calar,

A voz de Marielle Franco,

Quatro conseguiram atabafar,

A vereadora no carro branco.

 

 

Marielle não será silenciada!

Não aceitaremos mais uma voz abafada!

Não sei se você sabe:

Somos Hydras multi faceta de cachos,

Corte uma cabeça, ressurgimos feito vespa,

Fortes, até mais do que certos machos.

 

 

Somos o quinto país do mundo

Que mais mata mulher,

Nunca ficaremos mudas,

Se é isto que quer!

 

 

Quantas mais vão pra conta?

Feminicídio é também o nome!

Uma vida negra te afronta?

Ou é só mais uma sem sobrenome?

 

 

Hoje foi Marielle, amanhã pode ser você.

Levante, escreva, lute.

Se movimente, aponte, estude!

Descendente de Dandara, nosso verbo é enegrecer.

 

 

Use as suas armas também,

para denunciar o que importa.

Eu, por enquanto batalho daqui,

pedindo forças a Nzinga e Zumbi,

Mais uma de nós está morta.

 

 

Não #SomosTodosMarielle

Não cabe mais repetir,

A mulher de sorriso largo se foi,

Já não pode mais sorrir.

Você me lendo,

Eu escrevendo,

Por enquanto mana, ainda, estamos aqui!

 

 

Mas Marielle, quem agora mais importa,

Foi assassina, executada, depois de um dia de função,

Uma irmã… morta.

 

**Joanna Guerra é negra, nordestina, mulher, professora e nasceu no Sertão Baiano. Costuma dizer que acumula minorias. Tem um blog de life style, o Blog Moda Modesta, onde motiva mulheres afro empreendedoras a desenvolverem seus negócios indo do artesanato, passando por estética e empoderamento.

 

** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

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