O Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) realiza, no dia 21 de março, às 19h, uma homenagem ao arquiteto Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como Tebas, um importante arquiteto do século 18. Tebas viveu a condição de escravizado durante os seus primeiros 57 anos de vida e se tornou um dos mais destacados construtores da época, sendo o responsável pela construção de importantes obras como a torre da primeira Catedral da Sé e o Chafariz da Misericórdia. Além disso, talhou a pedra de fundação do Mosteiro São Bento e ergueu o frontispício da Igreja da Ordem Terceira o Carmo.
Do SASP
“Em que pese a devastação da memória paulistana promovida a partir do início do século 20, Tebas representa o protagonismo negro na construção da cidade, do estado e do país, seja por meio de suas obras ainda presentes na paisagem urbana – caso das igrejas do Carmo e de São Francisco, bem como do cruzeiro localizado no centro da cidade de Itu –, seja na história da arquitetura e do urbanismo de São Paulo”, destaca o escritor e jornalista Abílio Ferreira, em artigo publicado no site do SASP.
A homenagem contará com a presença de historiadores e arquitetos envolvidos no processo do resgate histórico de Tebas. O SASP também o reconhecerá como arquiteto, tornando-o, simbolicamente, parte de seu quadro associativo.
“A sindicalização do Tebas ao SASP vai além do reconhecimento de sua importância material e simbólica para a arquitetura e a história paulistana”, ressalta Maurílio Chiaretti, presidente do SASP. “É reconhecer Tebas como pessoa humana que, com todas as dificuldades de um escravizado, ajudou no desenvolvimento técnico e artístico de importantes obras que vieram a revelar, principalmente, a sua força de luta pela liberdade”.
Durante o evento também será constituído um grupo para realizar estudos e pesquisas sobre esse importante personagem da história brasileira.
Sobre Tebas
Tebas nasceu em 1721, em Santos, litoral sul de São Paulo. Foi escravizado pelo português Bento de Oliveira Lima, célebre mestre de obras da região. Tebas teve os primeiros ensinamentos no ofício de pedreiro com Lima que, depois o levou para a cidade de São Paulo – que, na época, contava com um boom na construção civil – em busca de melhores oportunidades de trabalho.
O fato é que, já na década de 1750, Tebas teve uma ascensão como construtor, sendo o responsável, entre várias outras obras, pelo projeto e pela construção da torre da primeira Catedral da Sé. Morreu em 11 de janeiro de 1811, aos 90 anos, vítima de moléstia de gangrena. Seu velório e sepultamento foi realizado na Igreja de São Gonçalo.
Benedito Lima de Toledo, professor emérito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUUSP), em entrevista concedida à revista “Leituras da História” (2012), destacou que Joaquim Pinto de Oliveira soube captar a religiosidade da época e expressá-la de maneira muito pessoal. “Essa expressão da religiosidade é que o transformou em arquiteto e as suas obras em arte, disse Toledo, na ocasião. Pode-se dizer que Tebas foi decisivo para a constituição daquilo que Luís Saia, outro arquiteto de peso, chamou certa vez de período de ‘renovação estilística, ocorrido especialmente nas igrejas na segunda metade do século 18’”, afirma Abílio Ferreira.
O QUE: Homenagem a Tebas, o arquiteto do século 18
QUANDO: 21 de março. 19h
ONDE: Auditório do SASP. Rua Araújo, 216, Piso Intermediário. República, São Paulo.
MAIS INFORMAÇÕES: (11) 3229-7989 / [email protected]