“QUE DIFERENTES. EXÓTICOS”, disse uma senhora branca que observava o grupo de quase 50 pessoas negras que participavam do rolezinho preto para assistir a Pantera Negra (Black Panther) no Shopping Leblon nesta segunda-feira. Entre olhares desconfiados e a escolta de seguranças, acompanhei o grupo que foi ver o filme, que tem equipe majoritariamente negra – brancos são secundários ou figuração.
Por Juliana Gonçalves, do Theintercept
Embarcando na onda da produção em que profissionais negros estão em lugares que geralmente ocupados por brancos, o rolezinho organizado pelo Coletivo Preto e o Grupo Emú foi planejado para um lugar tipicamente pela elite branca carioca. O evento também buscou uma crítica à falta de profissionais negros no audiovisual. Um levantamento feito pela ANCINE mostra que no Brasil apenas 7% dos profissionais são negros.
Esse tipo de encontro tem se repetido em diferentes cidades. Em São Paulo, um grupo fechou uma sala de cinema e reuniu 275 pessoas para uma sessão do longa. Com uma busca rápida nos eventos no Facebook, é possível encontrar vários outros roles marcados.
O longa da Marvel é considerado um marco por ter atores, produtores e diretor negro. Além disso, Pantera Negra foge dos estereótipos tanto do herói negro quanto da África que costumamos ver no cinema.