Por Leno F. Silva
No último domingo minha vida ganhou mais alegria depois que assisti ao musical “Ser Minas Tão Gerais”, produção que reuniu Milton Nascimento, o grupo Ponto de Partida e os Meninos de Araçuaí. Com tanto mineiro juntos, quase que a atmosfera do Teatro Alfa exalava aroma de pão-de-queijo quentinho, feito na hora. Brincadeiras à parte, nas quase duas horas de espetáculo foi possível mergulhar na trajetória artística do “Bituca”, nas mais de quarenta canções que compuseram o roteiro sentimentalmente costurado com participações vibrantes de um dos mais talentosos cantores da MPB.
Com o teatro lotado, o clima era de festa e de celebração. Para os realizadores foi a sensação de que o boca-a-boca funcionou e garantiu casa cheia para as duas apresentações do final de semana, um desafio enorme para um espetáculo grandioso em todos os sentidos: acima de 100 participantes, entre atores, dançarinos, banda e equipe técnica, que se deslocaram das Gerais para nos apresentar um entretenimento lindo, “Made in Brazil”, que se utiliza de diversas riquezas tupiniquins com criatividade e competência para emocionar a todos que aplaudiram a trupe de pé por longos e quase que intermináveis minutos.
Não resisti cantarolar, baixinho, algumas das canções que marcaram a minha vida, como “O cio da terra”, “Itamarandiba”, “Sentinela”, “Vendedor de sonhos”, “Ponta de areia”, “Raça” e tantas outras obras-primas que frequentam o imaginário de muita gente. E que felicidade ver, pela primeira vez, o Milton Nascimento cantar e interpretar a si mesmo com generosidade, força e esperança.
Pena que “Ser Minas Tão Gerais” não tem recursos para percorrer o Brasil inteiro mostrando para a nossa gente o que somos capazes de desenvolver. E, principalmente, demostrando que por traz dessa beleza de entretenimento existe uma visão de mundo e um jeito integrado de pensar a nossa sociedade, com pitadas de solidariedade, educação, empreendedorismo, sonho, ousadia, valorização das pessoas dos lugares, e tantos outros ingredientes que, muitas vezes, passam despercebidos das empresas preocupadas apenas com a sua visibilidade de marca ou retorno imediato.
Quem esteve lá, jamais esquecerá o que viu e ouviu. Trata-se de uma experiência intangível e eterna. Torço para rever o “Bituca” soltando a sua voz inconfundível em outros espetáculos. E que ele tenha vida longa para continuar ativo, se envolvendo e apoiando as expressões artísticas da nossa gente de hoje e do amanhã. Por aqui, fico. Até a próxima.
Serviço:
“Ser Minas Tão Gerais”
Realização: CPCD – Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento e Ministério da Cultura
Parceria: Ponto de Partida
Apoio: Lei de Incentivo à Cultura, Instituto Alfa de Cultura e Hotel Transamérica São Paulo
Contato: facebook.com/pontodepartida| www.grupopontodepartida.com.br