Shonda Rhimes vence prêmio especial do Sindicato dos Produtores dos EUA

“Vou ser totalmente honesta com vocês: eu mereço isto completamente.”

Por Caio Delcolli, do HuffPost Brasil

Com esta frase, Shonda Rhimes, 46, produtora e roteirista séries de TV bem-sucedidas, como How to Get Away with Murder, Grey’s Anatomy e Scandal, se tornou a primeira mulher a vencer o prêmio Norman Lear, por realização na TV, do Sindicato dos Produtores dos Estados Unidos (PGA), no último sábado (23).

Criadora de seriados da rede ABC – em exceção de HTGAWM, de Peter Nowalk – e indicada três vezes ao Emmy, Rhimes tem uma carreira que perdura há quase 20 anos e, além disso, é um ícone na TV: tanto pelo sucesso em si quanto por suas protagonistas serem, frequentemente, mulheres negras.

Em discurso arrasador, Rhimes disse: “Contra todas as chances, eu tenho, corajosamente, sido pioneira na arte de escrever sobre pessoas de cor como se fossem seres humanos”.

“Bravamente”, continuou, “dei papéis a atores que fossem os melhores. Destemidamente, eu encarei a ABC quando eles concordaram completamente comigo que Olivia Pope [protagonista de Scandal, vivida por Kerry Washington] fosse negra. E levantei minha espada heroicamente e a abaixei de novo quando Paul Lee [presidente da ABC] nunca mais me confrontou por causa de qualquer uma de minhas escolhas para contar histórias”.

Rhimes também disse não se vê como precursora por escrever sobre o mundo segundo o ponto de vista dela.

“Mulheres são espertas e fortes. Não são brinquedos sexuais ou donzelas em perigos. Pessoas de cor não são audaciosas ou perigosas ou sábias. E, acreditem em mim, na vida real, pessoas de cor não são companheiras de ninguém.”

A produtora também não deixou de tocar em um dos assuntos mais importantes do momento: a importância de mais diversidade no entretenimento.

Ela disse que, cerca de dez anos atrás, quando ela ainda desenvolvia o projeto deGrey’s Anatomy, oferecer suas ideias a emissoras de TV não era necessariamente uma ousadia, pois os executivos pareciam estar à espera de alguém que contasse histórias como ela conta, com minorias em papéis complexos e marcantes.

“Eu criei o conteúdo que eu queria ver e criei o que entendo como normal”, disse.

“Então, basicamente, vocês estão me dando um prêmio por eu ser eu mesma, que no caso eu totalmente mereço. Realmente, estou honrada por recebê-lo. O respeito deste prêmio realmente significa o mundo. Só me deixa um pouco triste.”

Rhimes explica:

“Primeiro de tudo, mulheres fortes e pessoas de cor complexas era algo que [o legendário produtor de TV] Norman [Lear] fazia 40 e tantos anos atrás. Então como chegamos ao ponto de ter de refazer isso novamente? O que estamos esperando? Quer dizer, este salão está cheio de produtores, então provavelmente vocês estão esperando dinheiro”.

Viola Davis, protagonista de HTGAWM, entregou o prêmio a Rhimes, no palco.

Prêmio

Anualmente, o Sindicato dos Produtores dos Estados Unidos indica e premia programas de TV e filmes.

Na categoria de cinema, A Grande Aposta venceu o de melhor filme. A premiação é considerada um dos principais termômetros do Oscar.

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