Só existe democracia entre diferentes

Anos de tristeza por um Brasil apartado e 2022 nos presenteia com união por futuro comum

Vou voltar para o grupo de WhatsApp da família. Isso porque, se pessoas tão diferentes se reuniram em torno de um projeto de estado e de país, eu e quem pensa diferente de mim também conseguimos.

Armínio Fraga, Fernando Henrique Cardoso e Amoêdo estão com Lula. E duas imagens dessa semana me emocionaram especialmente: uma fotografia de Marina Helou, Tabata Amaral, Elaine Mineiro, Leci Brandão e Marina Silva, todas juntas, em um encontro na zona leste da capital. E a divulgação de uma live de Geraldo Alckmin, Lúcia França, Ana Estela Haddad, Lu Alckmin, Luiz Marinho e Janones com Haddad. Anos de tristeza por um Brasil apartado e 2022 nos presenteia com diferentes dialogando por um futuro comum.

Nosso voto de domingo, tanto para presidente quanto para governador, é a escolha entre a democracia — possível pelo diálogo entre diferentes — e o autoritarismo que não quer conversa com ninguém. Fernando Haddad não será um governador perfeito. Mas com ele no Palácio dos Bandeirantes haverá espaço para o movimento negro sentar com a polícia e especialistas no desenho de uma política efetiva de segurança pública; profissionais de saúde, universidades, organizações públicas e privadas poderão contribuir com o SUS; fazendeiros e lideranças do MST, indígenas, quilombolas vão conversar sobre produção agrícola.

Votaremos pela esperança de um estado próspero onde todas as pessoas possam trabalhar, viver em segurança e acessar os direitos que ainda não foram garantidos à maioria. São Paulo precisa preservar o que temos de bom, avançando no que ainda pode ser melhor, sem aventuras de quem não conseguiu contribuir com o Rio de Janeiro.

Haddad é um cristão que vivencia valores cristãos: amor ao próximo, bondade, honestidade, verdade, lealdade, respeito, tolerância. Valores praticados há quase 40 anos na vida pública, há 34 anos em seu casamento com Ana Estela, há 25 anos em sala de aula.

Sei que a campanha de Tarcísio insiste que Haddad não foi um bom prefeito. Em vez de elencar o que ele fez de bom na cidade, colocando aqui a minha opinião, apenas informo a preferência de paulistanos com os números do primeiro turno: Haddad venceu em 44, das 58 zonas eleitorais da capital.

Sei também que para parte do interior paulista é questão de honra não apertar 13. Mas o mundo mudou e até Alckmin está com Haddad e Lula. Até eu estou aqui escrevendo qualidades do Alckmin. E Araraquara é prova de como o PT fez bem para o interior. Aperta o 13, minha gente, e vamos reunir a família toda de novo.


Bianca Santana

Doutora em ciência da informação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, mestra em educação e jornalista. Autora de “Arruda e guiné: resistência negra no Brasil contemporâneo” (Fósforo, no prelo), “Continuo preta: a vida de Sueli Carneiro” (Companhia das Letras, 2021) e “Quando me descobri negra”(SESI-SP, 2015).

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