Corintianos e são-paulinos trocaram ofensas no mesmo durante a partida de domingo, no Itaquerão, e colocaram os dois clubes na mira do Tribunal
A Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) solicitou nesta terça-feira a instauração de um inquérito para apurar se houve discriminação homofóbica no clássico entre Corinthians e São Paulo, no domingo, em Itaquera.
As torcidas dos dois times passaram boa parte da partida, que terminou com vitória corintiana por 3 a 2, trocando ofensas homofóbicas. Já no trajeto até a arena, os são-paulinos exibiam camisetas com letras que formavam “Gaivotas da Fiel” – trata-se do nome usado pelo jornalista Felipeh Campos para a criação de uma torcida homossexual alvinegra.
Em Itaquera, a torcida do São Paulo cantou uma paródia composta especialmente para provocar o rival: “Gambá, me diz como se sente/ Por que você gosta de beijar?/ Ronaldo saiu com dois travecos/ O Sheik, selinho ele foi dar/ Vampeta posou pra G/ Dinei desmunhecou/ Na Fazenda de calcinha ele dançou/ Não adianta argumentar/ Todo o mundo já falou/ Que o gavião virou um beija-flor”.
A resposta dos corintianos veio no mesmo tom. Como tradicionalmente ocorre em clássicos com o São Paulo, os locais berraram: “Vai pra cima delas, Timão! Da bicharada!”. E emendaram: “Vamos, Corinthians! Dessas bichas, teremos que ganhar!”.
Os corintianos ainda contrariaram o manifesto divulgado pelo clube, para coibir gritos de “bicha” nas cobranças de tiro de meta das equipes adversárias. O goleiro Denis escutou a ofensa durante o seu aquecimento e quase sempre que recolocou a bola em jogo.
A intenção do Corinthians com o seu manifesto era justamente antecipar a possibilidade de punição no STJD, que direcionou a sua preocupação para combater o preconceito depois do racismo sofrido pelo goleiro santista Aranha diante do Grêmio, pela Copa do Brasil.
Agora com a homofobia na mira, a Procuradoria do STJD analisará se os cânticos de corintianos e são-paulinos foram meras provocações ou se possuíram cunho discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, enquadrando-se no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (STJD). A pena prevê multa de R$ 100 a R$ 100.000 e até perda de três pontos na competição.
Para o inquérito, a Procuradoria do STJD recomendou os depoimentos do trio de arbitragem, dos presidentes Mário Gobbi e Carlos Miguel Aidar e dos goleiros Cássio e Denis. Um auditor designado por Caio Rocha, presidente do STJD, emitirá um parecer final para indicar se haverá denúncia ou arquivamento do caso.
Além de apurar a homofobia no clássico, a Procuradoria analisa mais problemas registrados em Itaquera, como a briga entre torcedores organizados do Corinthians. “Outros fatos que identificamos como infrações disciplinares previstas no CBJD serão objeto de denúncia a ser apresentada oportunamente”, avisou o procurador geral Paulo Schmitt.
Foto de capa: Reginaldo Castro
Fonte: iG