Supervisora de segurança é vítima de crime de racismo em João Pessoa

Fato aconteceu em plena praça pública, a dos dos Três Poderes, no Centro da Capital paraibana

“Estava indo a uma reunião de trabalho, quando surgiu uma vaga para estacionar, parei meu carro e dei a seta para entrar na tal vaga. De repente, surgiu essa uma mulher se achando esperta e “ROUBOU” minha vaga. Vendo a situação aproximei o meu carro ao dela. Quando ela saiu do seu carro perguntei: “A senhora não viu que eu ia estacionar?”. Ela simplesmente respondeu: “E dai? Vai ter o que?” Foram vários xingamentos que até então não liguei. Até o momento em que essa senhora, tentando me menosprezar, disse: “Vá sua nega Safada!” Não acreditando no que ela disse, perguntei: O que a senhora falou? E ela em tom alto falou: “Num é mesmo! Além de nega, espicha o cabelo!!” Repetiu várias e várias vezes com tom grosseiro e saiu como nada tivesse acontecido… “

Esse trecho foi retirado do desabafo que a supervisora de segurança Kelly Albuquerque postou em seu facebook, nas redes sociais da internet, após ter sido agredida verbalmente por palavras racistas. O fato aconteceu em frente ao Palácio da Redenção, na Praça dos Três Poderes, em João Pessoa, por volta das 15 horas da última quarta-feira, e acabou se transformando em um caso de polícia.

De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado na 2° Delegacia Distrital de Polícia, localizada no Centro da Capital, onde a supervisora de segurança Kelly Albuquerque prestou queixa, ela teria sido agredida verbalmente pelas palavras racistas que teriam sido proferidas pela motorista que tomou a sua vaga.

Duas pessoas que passavam pela praça e testemunharam a agressão ajudaram a supervisora a se acalmar e decidiram chamar a polícia. Poucos minutos depois, quando a motorista retornou ao carro, a Polícia Militar chegou até o local e encaminhou as duas envolvidas no episódio para a delegacia.

Supervisora de segurança é vítima de crime de racismo em João Pessoa
Supervisora de segurança é vítima de crime de racismo em João Pessoa

A acusada pela ofensa, que segundo o seu advogado, só se pronunciará em juízo, já está sendo processada por Injúria ao Racismo Art. 140 da Constituição Federal e Kelly Albuquerque comentou que aguardará o inquérito policial para acionar a agressora na Justiça.
Leia abaixo o desabafo postado pela vítima me seu Facebook:
“Em toda minha vida, nunca passei por uma situação tão constrangedora como essa. Estava indo a uma reunião de trabalho, quando surgiu uma vaga para estacionar, parei meu carro e dei a seta para entrar na tal vaga.
De repente, surgiu essa uma mulher se achando esperta e “ROUBOU” minha vaga. Vendo a situação aproximei o meu carro ao dela. Quando ela saiu do seu carro perguntei: “A senhora não viu que eu ia estacionar?”. Ela simplesmente respondeu: “E dai? Vai ter o que?” Foram vários xingamentos que até então não liguei. Até o momento em que essa senhora, tentando me menosprezar, disse: “Vá sua nega Safada!”
Não acreditando no que ela disse, perguntei: O que a senhora falou? E ela em tom alto falou: “Num é mesmo! Além de nega, espicha o cabelo!!” Repetiu várias e várias vezes com tom grosseiro e saiu como nada tivesse acontecido…
Fiquei em estado de choque pela situação a qual nunca tinha passado. Quando me deparei com a situação em que estava, dezenas de pessoas olhando pra mim, apontando, filmando, tirando foto, com pena, cai em prantos.
Nunca fui tão humilhada!! As próprias testemunhas, indignadas com o que assistiram, chamaram a polícia e fomos parar na delegacia! Eu nunca tinha entrado em uma delegacia e jamais imaginei que um dia estaria ali vítima de um preconceito pela cor da minha pele ou a fibra do meu cabelo. O que posso dizer é que foi muita humilhação passar por tudo aquilo.
Encontrar argumentos para explicar o motivo de estar ali e tendo que responder: “Só por causa da minha cor!!”. Como pode meu Deus, ainda existirem pessoas assim? Sou negra sim!!! E tenho o maior orgulho disso. Sou mãe, trabalho, pago minhas contas, tenho caráter e tenho valores.
Estou até agora sem acreditar que em pleno século XXI existam pessoas assim. A mulher que me ofendeu também foi parar na delegacia, mas ainda não se explicou. Registrado o boletim de ocorrência, o inquérito segue e ela só falará EM JUÍZO. Só então, ouvirei os argumentos para saber o que a fez pensar que eu deveria ceder-lhe a vaga por ela ter a pele mais clara que a minha”.

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Fonte: Fatos PB

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