Taís Araújo comemora prisão de racistas, mas teme preconceito contra filhos

Em sua primeira entrevista a jornalistas após a prisão do grupo que fez ofensas racistas na internet, Taís Araújo comemora a punição aos criminosos que xingaram a atriz e suas colegas de Globo Cris Vianna, Sheron Menezzes e Maria Júlia Coutinho. Em conversa durante as gravações da segunda temporada de “Mister Brau“, na Globo. Taís admite desconforto ao ter de ir a delegacia, mas celebra que a denúncia deu resultado.

Por Giselle de Almeida Do Uol

“Bom ver que a denúncia vai adiante nesse país. Espero que não aconteça mais, mas é bom a gente ver que tem esse direito e dá certo. Vale a pena exercer o seu direito de cidadão. Negros, mulheres, qualquer violência. Ir à delegacia é chatíssimo, é uma sensação horrorosa, nunca rinha entrado na minha vida. Mas, quando vi o resultado, achei tão importante. Qualquer cidadão tem que ir atrás dos seus direitos, bom saber que dá certo. Achei bonito, dá uma sensação de esperança”, afirma Taís.

Após a prisão do grupo, Taís teme que seus dois filhos, Maria Antônia (1 ano) e João Vicente (4 anos), também sejam discriminados. A atriz confessa que não está preparada para ensinar seus filhos a lidar com o racismo e tentará dar força às crianças enfrentarem o preconceito.

“Preparada a gente nunca está. Eu tenho minhas experiências e sei que eles vão ter as deles. O que eu posso fazer como mãe é dar muita autoestima, fazer com que eles sejam crianças fortes para enfrentar esse país que a gente sabe que não é mole”, diz, preocupada.

Entenda o caso

A Polícia Civil prendeu na quarta-feira (16) quatro administradores de um grupo que praticava crimes de racismo e ódio na Internet e foram responsáveis pelos ataques às celebridades da Globo.

O delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão a Crimes de Internet (DRCI) destacou que a investigação da Polícia é referente ao caso da Tais Araújo e outras pessoas também podem ter feito ataques a esses outros casos.

William dos Santos foi preso em flagrante em Porto Alegre (RS). Com ele, a polícia encontrou material de pedofilia com imagens de crianças com idades que variam de 1 a 5 anos.

Com mandado de prisão, foram detidos Pedro Vitor Siqueira da Silva, de Sertãozinho (interior de São Paulo), Tiago Zanfolin Santos Silva, preso em Brumado (BA) e Francisco Pereira da Silva Junior, de Navegantes (SC). Além deles, Gabriel San Pietri já estava preso por pedofilia no Paraná.

“Existe essa rede de disseminação de preconceito. Identificamos os criminosos em seis estados. Essas pessoas receberam mandado de busca e apreensão. No primeiro momento, prendemos os cabeças do grupo. Eles tinham um código de ética, se a pessoa do grupo não concordasse com o que eles queriam ela sofria uma penalidade. Eles faziam diversos grupos para que, se a polícia descobrisse um, eles migraram para outro. A investigação vai prosseguir. A polícia está trabalhando e estudando as metodologias que são aplicadas. Eles tentavam burlar o trabalho da polícia “, informou o delegado à imprensa.

O delegado ressalta que Taís Araújo agiu corretamente ao denunciar as ofensas raciais e pede para outras pessoas vítimas agirem da mesma forma: “A Taís Araújo fez o certo ao procurar imediatamente uma delegacia assim que sofreu os ataques. É importante que qualquer pessoa que seja vítima desses criminosos procurem a polícia, que dará andamento as investigações. A internet fica como uma zona livre, mas tudo o que acontece lá deixa rastros”.

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