Tais Araujo sobre ataques à Miss Brasil: ‘É resultado de desigualdade social e racial’

Desde sábado, quando a piauiense Monalysa Alcântara, de 18 anos, foi anunciada como vencedora do Miss Brasil 2017, as redes sociais se dividiram entre pessoas comemorando e outras realizando ataques racistas contra a segunda mulher negra a vencer consecutivamente o concurso, após Raíssa Santana ser coroada no concurso em 2016. Críticas ao seu tipo físico se espalharam, chocando a família. “Não nos posicionamos nem vamos fazer isso, porque, racism, a Mona combate diariamente”, afirmou Elza Ancântara, mãe da moça. “Monalysa ganhou por mérito dela e isso ninguém tira. Quem não gostou da escolha, tem direito de opinar desde que não nos ofenda.”

Conversamos com Taís Araújo nos bastidores da nova campanha da L’Oréal Paris, da coloração Casting Creme Gloss, sobre o assunto. A atriz, que já foi alvo de ataques racistas, afirmou: “Isso vai continuar acontecendo enquanto existir desigualdade social e racial”, diz. “Mas é bom as pessoas ficarem incomodas. O incômodo causa mudanças. Ninguém muda no conforto.”

(Matt Petit/Miss Universe Organization/AFP)

Tais elogiou a beleza de Monalysa e falou sobre a importância de, pelo segundo ano consecutivo, uma mulher negra receber o título. “Ela [Monalysa] é linda. Que ótimo que  ganhou e espero que, no ano que vem, ganhe outra. Somos um País mestiço, com maioria negra. É natural ter uma miss negra dois anos consecutivos. Aliás, até três, até dez, 20 ou 30!”, falou Taís. “Durante 30 anos, só brancas ganharam o concurso. Se nos próximos 30 forem negras, está tudo certo.”

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