Aos 54 anos, ela é prefeita da cidade de Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul: “Sinto que a política me tornou uma pessoa mais forte”, afirma em entrevista ao HuffPost Brasil.
por By RYOT Studio Brasil no Huffpost Brasil
“Vier, Fleck, Klauck, Rübenich, Wolf, Mallmann, Dexheimer, Stein, Schwengber und… Silva!”. Tânia Terezinha, a dona deste último sobrenome, se diverte ao mostrar a galeria de retratos dos prefeitos que Dois Irmãos, cidade a 62 km de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, já teve desde sua emancipação, em 1959. Ela é a décima administradora da cidade: a primeira que não tem sobrenome alemão, a primeira mulher e a primeira mulher negra.
“Não sou vítima de nada. Represento as minhas escolhas, e eu sempre busquei ser feliz.”
Em 2000, tentou a reeleição e não conseguiu. Tânia havia se divorciado no ano anterior. Entrou na campanha fragilizada, com a cabeça em outro lugar, e aprendeu que “quando se entra em alguma coisa, tem de entrar cravando” (expressão que emprestou do vôlei, esporte que adora). E por isso decidiu não voltar aos palanques até 2008, quando entrou no pleito para cumprir a cota de candidatas mulheres. “Eu não queria de jeito nenhum, mas por pressão do partido, fui para o sacrifício”. Desta vez, fez campanha “cravando”, e sagrou-se a vereadora mais votada da história de Dois Irmãos. Naquela gestão, também foi a primeira mulher a assumir a presidência da Câmara Municipal, e seu nome começou a aparecer nas prévias para a prefeitura. “Fiquei muito orgulhosa e feliz. Havia nomes mais tradicionais, homens, brancos, de origem alemã. E eu, mulher, negra, divorciada, alegre, toda errada!” [risos].
Ela e seu vice, Jerri Adriani Meneghetti, não eram favoritos. Ambos correram por fora, gastaram os sapatos e foram eleitos. Ela lembra da tensão durante a apuração dos votos: “Foi o terceiro momento mais emocionante da minha vida, depois dos meus dois partos”, lembra. Quatro ano depois, foi para o páreo de novo e, se na primeira vez tinha vencido por uma diferença de 600 votos, em 2016, a vantagem foi de 3.500 votos.
“Sinto que a política me tornou uma pessoa mais forte. Aprendi a dizer não e a dizer sim; a deletar o que pode ser descartado e priorizar o que é mesmo importante.”
Mas por enquanto, basta. Tânia afirma que, neste ano, não será candidata “de jeito nenhum”. Canceriana que é, pretende voltar a trabalhar na saúde e ficar mais tempo com a mãe, de 89 anos: “Sinto a culpa do mundo inteiro. Antes, era pelos filhos, agora é pela minha mãe”.
Ficha Técnica #TodoDiaDelas
Texto: Isabel Marchezan
Imagem: Caroline Bicocchi
Edição: Andréa Martinelli
Figurino: C&A
Realização: RYOT Studio Brasil e CUBOCC
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