“Ter Carolina de Jesus na UEM é para se comemorar”, diz especialista

Divulgação/Neiab

A mestre em Ciências Sociais Lilían Amorim Carvalho estudou os vestibulares no Paraná nos últimos anos.  A pesquisa constatou em temos de conteúdo pessoas brancas são destacadas. Por isso ela elogia a escolha de “Quarto de Despejo” para o Vestibular 2019.

Por Victor Simião, da CBN

A mestre em Ciências Sociais Lilían Amorim Carvalho afirma que a inclusão de Carolina Maria de Jesus em questões do Vestibular 2019 da UEM é algo para ser comemorado. A manifestação dela está relacionada a uma reportagem feita pela CBN sobre a escolha da autora nas provas deste ano. O livro “Quarto de Despejo”, publicado em 1960, é uma das obras sugeridas.

Em 2017, a pesquisadora concluiu uma dissertação após analisar o conteúdo cobrado nos vestibulares das universidades públicas do Paraná nos últimos anos. O objetivo era saber qual teria sido impacto da lei federal de 2003, que obrigou o ensino de história e cultura afro-brasileira na educação.

O resultado apontou que em temos de conteúdo, as pessoas brancas continuam em destaque. Em questões territoriais, Europa, Estados Unidos e Canadá são os principais locais em que as provas de alguma forma se referem. Ou seja, a lei mesmo após uma década surtiu pouco efeito.
Por isso que a escolha da autora de “Quarto de Despejo” para o vestibular é um pequeno mas importante passo, diz a pesquisadora. E como se explica o fato de o Brasil ter mais negros entre a população e ainda assim pouca representatividade em todos os espaços? A resposta é o racismo estrutural, diz Lilían.

Nos últimos anos, a UEM vem cobrando autores homens e já clássicos. Mesmo que haja predominância de autores brancos entre os selecionados, Machado de Assis e Mário de Andrade, por exemplo, são dois negros que vem aparecendo, apesar de não haver consenso quanto à cor do segundo. Mas faltava a mulher negra. Carolina Maria de Jesus foi incluída e Monteiro Lobato, com o volume de contos “Negrinha”, saiu. O livro é considerado racista por muitas pessoas.
A escolha da autora de livros como “Diário de Bitita” representa maior divulgação da obra dela e significa que jovens vão estudar uma mulher negra periférica, afirma a pesquisadora.

No vestibular 2019 são sugeridos 10 livros; sete de homens e três de mulheres.

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