TJ-SP adia decisão sobre juíza Kenarik Boujikian

Desembargadora é alvo de representação por mandar soltar presos que cumpriram penas; após repercussão, juízes pedem vista de processo
por Débora Melo na Carta Capital 

A representação contra a desembargadora Kenarik Boujikian poderia ter sido arquivada nesta quarta-feira 27, mas dois juízes do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiram prolongar a discussão e pediram vista do processo.

Boujikian é alvo de representação por expedir alvarás de soltura a dez presos que já tinham cumprido suas penas no regime de prisão provisória (cautelar). Para colegas de Corte, a desembargadora violou o princípio da colegialidade ao agir de forma monocrática.

Apesar do voto do desembargador Antonio Carlos Malheiros, que pediu vista do processo em dezembro e hoje votou pelo arquivamento da representação, os desembargadores Luis Soares de Mello Neto e Antonio Carlos Tristão Ribeiro alegaram necessidade de estudar melhor o caso.

Segundo CartaCapital apurou, a repercussão favorável a Boujikian na imprensa e no meio jurídico pode ter imposto aos juízes uma postura defensiva. O Órgão Especial do TJ-SP reúne 25 desembargadores.

Para o advogado e professor de direito constitucional Pedro Estevam Serrano, o caso é “absurdo”. “Não há outra decisão jurídica possível além do arquivamento. Temos um procedimento administrativo para constranger uma desembargadora que cumpriu a lei. Ela protegeu o direito dessas pessoas, protegeu a Constituição e protegeu o erário público”, disse Serrano, lembrando que as prisões ilegais são passíveis de indenização pelo Estado.

O julgamento será retomado no dia 3 de fevereiro, quando os desembargadores decidirão pelo arquivamento do processo ou pela abertura de processo administrativo. Para Serrano, é hora de o Judiciário paulista mostrar que defende a independência dos juízes. “Querer colocar normas formais acima do direito de liberdade é um absurdo jurídico”.

+ sobre o tema

Perfil elitizado de médicos é um dos desafios ao atendimento básico da saúde, avaliam especialistas

Médicos populares e professor acreditam que, para democratizar a...

Campanha ‘Gente boa também mata’ vira alvo de processo no Conar

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu nesta...

Nova Lei do Estágio obrigou empresas a respeitarem estudantes

Há cinco anos em vigor, legislação regulamentou atividade vista...

INDÍGENAS CORREM RISCO DE DESPEJO

AÇÃO URGENTE   INDÍGENAS CORREM RISCO ...

para lembrar

Crianças e adolescentes são prioridade absoluta no orçamento público?

Não é o que mostra a análise do orçamento...

Radiodifusão para o povo negro

Observatório do Direito à Comunicação   Por: Pedro Caribé...

Criada para impedir retrocessos, Comissão Arns será lançada dia 20

Comissão formada por 20 personalidades, entre intelectuais, juristas e...
spot_imgspot_img

Sempre estivemos aqui. Histórias da ditadura seguem na invisibilidade

Na esteira das comemorações do Globo de Ouro e do Oscar conquistados pelo brilhante filme Ainda Estou Aqui – homônimo da produção literária de Marcelo Rubens...

Como Geledés combate a discriminação racial na arena internacional

As Nações Unidas estabeleceram o dia 21 de março como o Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial como uma data em memória ao Massacre...

Centro brasileiro de Justiça Climática lança programa de fellowship exclusivo para jornalistas negros e negras 

O Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC), organização nacional de destaque na luta por justiça climática e racial, acaba de lançar o Programa de...
-+=