Todos os dias uma ação de intolerância e racismo no Brasil

Mais um caso de intolerância, desta vez em Foz do Iguaçu, onde crianças são atacadas com veneno.

Por Sagu, do ESQUERDA DIÁRIO 

Imagem de Carol Santos

Ontem, crianças e adolescentes foram atacados por um homem com veneno e frases como “maracatu não é cultura”. Elas são do colégio Flávio Warken na Vila C Velha, em Foz do Iguaçu, onde participam do projeto cultural Maracatu Alvorada Nova, tendo como instrutor João Otávio Lourenço.

Originado do Estado de Pernambuco, Maracatu é uma manifestação da cultura popular brasileira afrodescendente, que surgiu durante o período escravocrata, e que hoje se mantem vivo através dos grupos de todo país. Assim como o ocorrido no vídeo, tantas outras ações de intolerância ocorrem todos os dias com esses grupos de Maracatu e as manifestações culturais de origem afrodescendentes, desconhecidas e negadas culturalmente.

Não sendo caso de exceção, há anos a cultura afrodescendente é oprimida no Brasil. Dos tempos dos escravos nativos do continente africano, após a falsa abolição e até os dias de hoje, os negros e sua cultura são perseguidas. Ao contrário do que afirma Gilberto Freyre (1900-1987), sociólogo, antropólogo e historiador pernambucano, não existe democracia racial, e sim, um mito de democracia, onde a cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras – sendo que a cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado -, segundo Mapa da Violência 2017. Os terreiros são atacados e destruídos, os fieis da religião afrodescendente são as principais vítimas de discriminação, que abominam o cabelo Black, tentam omitir a cor e traços negros, etc.

Porém, pela via das poucas liberdades democráticas, tenta dizer que não existe opressão, quando na realidade essas liberdades não resolvem o problema da opressão dos negros. Assim, com usos e abusos, os intolerantes pregam o preconceito descaradamente contra negros, mulheres e LGBTs. Essas práticas devem ser denunciadas, mas principalmente, devemos lutar contra todo tipo de opressão, tendo em vista que sua constitucionalização jamais emancipara e dará liberdade real aos milhares de oprimidos. Um sistema que explora e lucra todos os dias com essas opressões jamais poderá nos libertar.

Fica um chamado para construir uma luta negra e anticapitalista!

 

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