Trazendo à luz

Campanha realizada pela ONG Criola, em parceria com uma agência de publicidade, correu a internet ao expor os responsáveis por ofensas raciais da internet em outdoors espalhados pela cidade onde residem os ofensores. A iniciativa foi motivada pelo caso ocorrido com a jornalista Maria Julio Coutinho, vítima de diversos comentários racistas por ser negra e causar incômodo ao ocupar uma posição de destaque no Jornal Nacional.

Por Mauricio Pestana, do Vermelho

A campanha, que recentemente foi premiada internacionalmente, também conta com o depoimento de diversas mulheres negras sobre racismo e traz à tona um grave e recorrente problema no país: o racismo virtual. Diariamente, negros e negros, famosos ou anônimos, são atacados na internet. A notoriedade da vítima só faz com que algum episódio tenha mais repercussão do que outros na mídia, mas não são casos isolados.

A falsa sensação de anonimato proporcionada pelo universo virtual é justamente o que deixa os agressores tão à vontade para agir, protegidos pela aparente certeza da impunidade. Mas racismo é crime em qualquer lugar, seja no mundo virtual ou real. E como tal, deve ser denunciado, investigado e punido.

Manifestações como esta são necessárias porque expõem o agressor, escondido atrás de sua tela, e junto com ele o racismo invisível e silencioso que permeia nossa sociedade. Colocar o dedo na ferida e não se calar é a única forma de ampliar o debate sobre a discriminação racial no país.

Se há um longo caminho para alcançarmos uma sociedade mais justa e igualitária, mostrar ao agressor como é estar do outro lado da história, sendo julgado, exposto e constrangido, ao menos pode contribuir para que ele enxergue que as suas atitudes podem ter conseqüências reais. Parabéns pela iniciativa.

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