Turbantes! Quantas discussões religiosas e sociais já circularam sobre ele, heim? Eu olho pelas lentes da moda, da estética e da sociedade: o turbante foi refúgio, casulo e cuidado para os cabelos em processo de transição capilar, de aceitação dos fios! Há 6, 8 anos atrás, muito mais mulheres usavam turbante, qualquer tecido ia para as cabeças e novas amarrações eram assunto empolgantes!
No entanto, o desrespeito da branquitude e a intolerância religiosa estiveram presentes em todo momento. Mas o principal é que ele foi muito importante pra muitas de nós, mulheres pretas e negras, E AINDA É. Mas estamos em outro momento! O turbante ainda é peça requisitada. Mas hoje de outro lugar!
Cabeças, cabelos ainda são cobertos por ele, mas dessa vez muitas vezes com a intenção de proteção, não de omissão, não de escondê-lo!
Os tecidos são mais bem selecionados, ainda bem! Porque se tem algo repetidamente falado e aprendido é que “turbante é coroa” e por isso agora queremos coroas incríveis!
Muitas transições terminaram, muito orgulho dos cabelos crespos e cacheados começaram. Ocultá-lo sob um turbante se tornou uma decisão mais difícil!
E o respeito? Aumentou? Será que mais gente tem consciência da enorme importância cultural dessa peça? A conexão que ela tem com a religiosidade?
Será que a branquitude já se conformou que nem tudo é sobre eles?
Disso eu tenho dúvida, mas carrego uma certeza: o turbante marca e marcou um período histórico, foi e é peça companheira de mulheres pretas, está como sempre esteve nos terreiros de axé. É lindo, protege e conta história!
Nossos passos vêm de longe e pra longe vão, a moda negra não nos deixa esquecer!
Ana Paula Xongani é multiempresária: no Ateliê Xongani, de moda afro-brasileira, e também na empresa que leve o seu nome, de criação de conteúdo. Apresenta o programa Se Essa Roupa Fosse Minha, no GNT, sobre moda consciente. Fala com leveza e responsabilidade sobre temas sempre importantes para que todo mundo junto construa um mundo mais justo e acolhedor para todos, especialmente para as mulheres pretas. Ativismo afetivo, como costuma dizer.