‘Um passo no caminho da vitória’ diz irmã de Haíssa sobre decretação de prisão de PMs

“É um passo no caminho da vitória. Nada vai trazer ela de volta, mas temos a sensação de que a Justiça está sendo feita.” A declaração é de Andressa Motta, de 24 anos, minutos depois de saber da decretação de prisão do cabo Delviro Anderson Moreira Ferreira e do soldado Marcio José Watterlor Alves. Os militares – lotados na 41º BPM (Irajá) – foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio doloso pela morte da asssistente de telermarketing Haíssa Vargas Mota, de 22 anos, durante uma perseguição que envolveu os militares, em Nilópolis, em agosto do ano passado.

Por Paolla Serra  Do Extra

Para a irmã da vítima, Haíssa foi “arrancada da família e da sociedade com muita violência”.

– A prisão deles é importante porque hoje é minha irmã que foi morta, amanhã poderia ser qualquer outra pessoa. Espero que eles sejam condenados e fiquem presos para que o que aconteceu com ela não aconteça com mais ninguém.

Andressa lamentou ainda a morte prematura de Haíssa.

– Eles (os PMs) não tiraram a vida de qualquer uma. Tiraram a vida de uma irmã, uma filha, uma profissional, uma pessoa de bem. Roubaram o futuro dela. E acabaram prejudicando a todo mundo com isso: a família e a sociedade, que perdeu uma pessoa incrível – criticou.

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A prisão

O juiz Glauber Bittncourt, da 1ª Vara Criminal de Nilópolis, decretou, na tarde desta quarta-feira, a prisão preventiva alegando que o afastamento das funções de policiamento ostensivo dos PMs – como foi pedido pelo Ministério Público – é “insuficiente para assegurar a livre colheita da prova” do crime.

Segundo o magistrado, somente a prisão cautelar é que poderá “afastar qualquer temor por parte das testemunhas” da morte da jovem. No despacho, Glauber declara ainda que “ as imagens do que ocorreu na fatídica madrugada de agosto de 2014 estarreceram o país”. O vídeo, segundo o juiz, mostra que inúmeros disparos de arma de grosso calibre foram efetuados na direção do HB20 – conduta que “ceifou a vida da jovem Haissa” e “enlutou uma família inteira”.

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O crime

Haíssa foi atingida por um tiro de fuzil, nas costas, durante uma perseguição em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Nas imagens das câmeras mostram Watterlor colocando o corpo para fora do carro e disparando nove vezes contra o veículo onde estava Haíssa e os amigos.

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Watterlor e Delviro, ao verem o Hyundai HB20, comentam: “Carro daquele branco que tá roubando para c…”. O fato de serem “quatro cabeças, um moleque de boné e tudo”, como diz um dos PM, é a justificativa suficiente para iniciar a perseguição. Vinte segundos depois, mesmo com o pedido de “calma” do colega que dirigia a viatura, Watterlor abre fogo.

A caminho do hospital, Jéssica, uma das amigas de Haíssa, chora dentro da viatura e é repreendida pelos PMs: “Vamos manter a calma, gente. Tá complicado”.

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