Neste ano, as mulheres camponesas resolveram avançar na luta pela reforma agrária. Ontem, mais precisamente no município de Eunápolis, na Região do Extremo Sul, as trabalhadoras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras, o MST, realizaram uma ocupação de terras pertencentes à multinacional Veracel.
A ação faz parte da jornada de lutas das mulheres do MST, em virtude do 8 de março. As trabalhadoras denunciam a ação do agronegócio na região com a produção do monocultivo de eucalipto.
Esta empresa, senhoras e senhores, é uma das maiores empresas do ramo de papel e celulose do mundo. Está instalada em cerca de 205 mil hectares no extremo sul da Bahia, sendo em torno de 96 mil hectares só com eucalipto destinado à exportação. A questão é que parte destas terras são devolutas, logo em situação irregular.
As trabalhadoras também alertam a sociedade para o uso indiscriminado de agrotóxicos e a violência contra as mulheres.
Essas camponesas, com seus instrumentos de trabalho, agora plantam milho e feijão, alimentos, sem agrotóxicos, estes sim necessários para o povo brasileiro. Lembro, senhores e senhoras deputados e deputadas, que o Brasil ocupa hoje a triste estatística de ser o maior consumidor do mundo destes venenos.
Mas afirmo, senhoras deputadas e senhores deputados, que a luta do feminismo não é e não pode ser uma luta só das mulheres, mas sim uma luta de toda a sociedade. O 8 de Março é antes de tudo, uma data de reflexão contra o preconceito, contra a discriminação contra aquela que é parte essencial do próprio desenvolvimento da sociedade.
Não podemos tolerar que nossas lideranças, mulheres, sejam penalizadas e criminalizadas por defender seu povo, sua forma de viver. Desta forma, as reivindicações das mulheres também está representada na luta da cacica Valdelice, liderança do povo Tupinambá, presa injustamente por defender seu território, organizar seu povo para a conquista dos direitos que lhe foram negados enquanto povo indígena.
Vivemos o momento em que temos como maior autoridade do país uma mulher, eleita democraticamente presidente da república. Não foi apenas uma disputa eleitoral. Mas foi uma disputa que resultou na vitória dos que ainda têm preconceitos contra a própria mulher e tentam colocar em xeque a sua capacidade de administrar e gerir os próprios rumos da sociedade que ela representa e faz parte.
Nosso Estado, a Bahia, também tem sua figura importante que soma com a luta feminista. A senadora Lídice da Mata é um exemplo a ser seguido na política, com sua bela atuação enquanto parlamentar, com a mesma coragem e força que foi prefeita de Salvador.
Dessa forma, minha homenagem a todas as guerreiras do campo e da cidade. Nós não podemos nos submeter este modelo capitalista e patriarcal de sociedade, concentrador de poder, de terras e de riquezas. Nós, homens da classe trabalhadora, não distribuiremos flores, mas nos somaremos as mesmas trincheiras na busca de um mundo mais justo, igualitário e soberano.