Caso aconteceu em Campos dos Goytacazes, no RJ.
Pai da criança teve que chamar a Polícia Militar.
Por Stella Freitas, do G1
O que era para ser um momento especial na vida de um pai acabou se tornando caso de polícia em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Gabriel Alves, de 22 anos, foi impedido por uma médica de acompanhar o nascimento de sua primeira filha na madrugada de terça-feira (23). O padrinho do bebê filmou a discussão e o vídeo foi publicado nas redes sociais no mesmo dia, gerando enorme repercussão. A mãe e a bebê tiveram alta na manhã desta quarta-feira (24) e passam bem.
O G1 entrou em contato através do telefone com o diretor da Beneficência Portuguesa, Jorge Luiz Miranda, que desligou o telefone quando a equipe de reportagem se identificou. A reportagem também tenta fazer contato com a médica envolvida na polêmica, ainda sem sucesso.
“Sabe por que você não pode? Porque o diretor não permite. Aqui no hospital não tem uma estrutura de cada ‘pacientezinho’ no seu box, direitinho. Todas as mulheres estão lá, amamentando, sem roupa, só por isso. Por respeito às outras mulheres”, alegou a médica, continuando:
“O hospital não tem essa estrutura, como nenhum outro hospital tem, essa estrutura de um box individual. A lei existe? Existe, a gente sabe que ela existe, mas o diretor não libera por causa disso. Isso foi explicado a esse senhor desde a hora que ele chegou aqui. A esposa dele inclusive já teve o bebê, está quieta lá no canto dela, fazendo o papel lindamente dela de mãe e o senhor está ‘aporrinhando’ desde que chegou aqui”, exaltou-se ela.
Na postagem, que já tinha cerca de 400 mil visualizações e 1.500 compartilhamentos até a publicação desta notícia, Gabriel conta que ele e a namorada optaram pelo Hospital Beneficência Portuguesa porque, uma semana antes do parto, a unidade havia informado que ele poderia acompanhar o parto da mulher.
“A médica fez um descaso muito grande. Perdi o nascimento da minha filha e ela não queria deixar eu ficar como acompanhante. Ela precisava de um acompanhante da escolha dela, mas o hospital descumpriu a lei”, ressaltou Gabriel.
Ele então acionou a Polícia Militar, que o orientou a ir na delegacia. “Eu liguei duas vezes para o 190 e eles disseram que não podiam mandar uma unidade porque, se prendessem o médico, quem faria o parto? Eles disseram para ir até a delegacia e lá eu consegui que uma viatura fosse comigo até o hospital e só assim eu consegui ficar de acompanhante. Tive que entrar com força policial”, argumentou.
O padrinho do bebê, que filmou a ação, disse que a médica agrediu a esposa dele com arranhões e jogou o telefone no chão ao saber que ele tinha filmado.
“Minha esposa estava lá embaixo com um policial e eu fui mostrar a gravação para ela. A gente já estava saindo do hospital e a médica veio agredindo minha esposa, arranhando e querendo jogar meu telefone no chão. Fizemos um boletim de ocorrência por agressão”, disse John Hebert.
Segundo Gabriel, depois de toda a situação a unidade hospitalar disponibilizou um quarto para o casal e a bebê, mas as condições do local eram precárias.
“Eles disponibilizaram um quartinho ao lado do leito feminino, um lugar pequeno, quente, que só tinha um ventilador e o banheiro não tinha assento. Como assim um hospital, que recebeu uma verba milionária para fazer aquele prédio novo não ter assento? Minha namorada estava com pontos, podia pegar uma infecção”, criticou.
Em 2005, foi sancionada a Lei nº 11.108, que obriga os serviços do SUS, da rede própria ou conveniada, e particulares a permitir a presença de um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. De acordo com a legislação, o acompanhante será indicato pela mulher grávida.