Dicas para que a população negra das comunidades do Rio de Janeiro sobreviva a possíveis abordagens indevidas durante a intervenção que acontecerá até o fim de 2018.
Para a população negra, que já vive sob permanente ameaça e desconfiança policial, a intervenção militar ganha outra conotação: nesse estado de “guerra”, de novo são os negros, os mais vulneráveis e sob risco de perderem a vida. Chamando atenção para a problemática, três jovens negros produziram um vídeo com “dicas” de como sobreviver a uma abordagem indevida. O material viralizou e ganhou repercussão neste fim de semana, após a decisão da Presidência da República de decretar uma intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro. No Facebook, o vídeo contabiliza alcance com mais de 5o mil compartilhamentos e 1,7 milhão de visualizações.
O relato dos jovens, que por serem negros têm uma vivência de abordagens abusivas por agentes de segurança, alerta para que ninguém saia de casa sem documento, avise aos amigos para onde está indo, esteja sempre com o celular carregado para ligar para alguém, entre outras sugestões. As “dicas” revelam uma rotina de “exceção” que está longe do direito de ir e vir e da igualdade de tratamento.
“Em lugares públicos, evite o uso de furadeiras e guarda-chuva longo. Parece bobagem, mas, muitas pessoas olham isso de longe e acham que são armas de fogo. Prefira guarda-chuvas pequenos que possam ser dobrados e colocados numa bolsa para evitar qualquer problema”, explica o publicitário e youtuber Spartakus Santiago. Em 2010, por exemplo, um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, matou por engano um morador do morro do Morro do Andaraí, na Zona Norte da cidade, após confundir uma furadeira com uma arma.
Alvo de constantes suspeitas, o comunicador AD Junior, do canal Descolonizando, dá outra dica de “segurança”, que jamais passaria à cabeça de um jovem branco de classe média: leve cupom fiscal caso esteja com algum objeto caro. “Pode ser muito útil na hora da apreensão injusta e indevida”, diz ele. E em caso de abordagem indevida, ele completa: “Não faça movimentos bruscos e não afronte nenhum desses agentes”. Texto retirado do Diário de Pernambuco
Participação do AD Junior, do canal Descolonizando e de Edu Carvalho, repórter do FaveladaRocinha.com.
Várias dicas foram dadas por Rodrigo França.
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