A Viradouro encerrou os desfiles do Grupo Especial do Rio na madrugada desta terça-feira (21) com a busca por corrigir uma injustiça. A sexta escola a desfilar levou à Sapucaí um desfile para lembrar de Rosa Maria Egipcíaca, primeira mulher preta a escrever um livro no Brasil e esquecida pela história.
Na busca por seu terceiro título na elite do carnaval carioca, a escola de Niterói contou com 2,5 mil componentes, 24 alas e seis alegorias.
Ao longo do desfile, a Viradouro contou a história dessa mulher que, trazida da África aos seis anos, viria a se tornar feiticeira, beata e escritora.
Na comissão de frente, ventiladores em um tripé criavam um redemoinho de flores ao redor da dançarina que representava Rosa Egipcíaca, simulando seu lado feiticeira.
Em um tripé, a escola reproduziu um tanque de água de forma inventiva, com paredes de três centímetros de espessura, que representava a visão que Rosa teve em um espelho de águas.
A Viradouro insistiu em um começo molhado para seu desfile. O abre-alas e o segundo carro repetiam o tema. Em um deles, uma estátua despejava água incessantemente sobre outra, uma versão jovem da homenageada.
Viradouro encerra os desfiles do Grupo Especial na Sapucaí
Depois de passar pela escravidão de Rosa, e sua época como meretriz, a agremiação voltou a focar em seu lado místico. Junto da bateria, com ritmistas fantasiados de exorcistas, a rainha (e atriz) Érika Januza incorporou Egipcíaca em seu momento de exorcismo.
O quarto carro desenvolvia mais o tema com a batalha entre os sete espíritos malignos que se apossaram de seu corpo e São Miguel Arcanjo.
No sexto e último, uma grande cerimônia popular de canonização de Rosa Maria Egipcíaca. Sem reconhecimento do Vaticano, ela é considerada santa por muitos seguidores, como lembrou a Viradouro com uma grande estátua de sua homenageada.