Vítima de injúria racial em Jogos Jurídicos procura DP, e pede punição a agressora

Dois dias após estudantes que participaram dos Jogos Jurídicos Estaduais 2018, no fim de semana, relatarem episódios de racismo durante o evento, um estudante da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) procurou a 105ª DP (Petrópolis) para se apresentar como uma das vítimas de injúria racial. Segundo o delegado Cláudio Teixeira, em depoimento o estudante, que teve a identidade preservada, contou que saía do gramado quando foi atingido pela casca de banana. Ele pediu a instauração de uma investigação para que a agressora seja identificada e punida.

Por Célia Costa e Rayanderson Guerra, do Extra 

Atleta mostra as cascas de banana arremessadas contra ele Foto: REPRODUÇÃO/WhatsApp

— O estudante confirmou aquilo que já vinha sendo divulgado. Quando ele deixava o campo com os amigos, após uma partida de futebol entre a PUC e a UCP, uma torcedora que discutia do lado de fora do gramado atirou uma casca de banana contra ele — contou.

Segundo alunos ouvidos pelo GLOBO, atletas negros e torcedores da Uerj, da UFF e da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) foram ofendidos em três partidas de diferentes modalidades entre sábado e domingo por integrantes da torcida da PUC-Rio. Os Jogos Jurídicos reuniram em Petrópolis equipes esportivas e torcidas de faculdades de Direito do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com os estudantes, um atleta negro teria sido atingido por uma casca de banana; um grupo de rapazes teria imitado macacos, com sons guturais; e outra estudante relatou ao GLOBO ter sido chamada de “macaco”. Este último caso foi relatado pelo colunista Ancelmo Gois em sua página, ainda na madrugada segunda-feira.

Segundo o delegado, o caso está sendo tratado como injúria racial, que consiste em ofender a honra de alguém com elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o crime de racismo, previsto no Código Penal, atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça.

CASCA DE BANANA CONTRA ALUNO

Segundo Raíza Uzeda, aluna de Direito da Uerj e membro do coletivo negro da faculdade, o primeiro incidente ocorreu no sábado, ao final de uma partida de futebol masculino entre os times da PUC e da UCP. Uma jovem que pertencia à torcida da PUC teria jogado uma casca de banana sobre um jogador da equipe adversária.

Entre alunos da PUC, no entanto, os relatos são de que este episódio não envolveu alunas da instituição, mas sim quatro namoradas de atletas que disputavam a partida de futebol. Segundo Matheus Vellasco, aluno da faculdade que estava presente no evento mas não presenciou as agressões, as jovens teriam negado a estudantes da faculdade que tivessem intenções racistas: o relato delas seria de que, acuadas durante um confronto entre torcidas com provocações mútuas, elas lançaram o que tinham nas mãos, uma garrafa de água e uma casca de banana aleatoriamente para se proteger, sem nem mesmo notar que havia negros por perto. Matheus reforça que reprova qualquer ato de racismo e diz que, caso os relatos de racismo sejam confirmados, a intenção dos seus colegas era sujeitar os responsáveis às devidas punições previstas pelas regras do evento.

Uma estudante da UCP que não quis se identificar disse que, em meio à confusão, não conseguiu determinar se a casca de banana havia sido atirada especificamente contra o estudante negro. O presidente da Atlética da UCP foi chamado para prestar depoimento sobre o caso.

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