12 músicas que são extremamente machistas e que você canta sem perceber

Você já notou, no seu dia a dia, que algumas músicas famosas — e que grudam na cabeça feito chiclete –, reproduzem discursos machistas? Inspirado no teste de Bechdel, o Brasil Post fez uma seleção de músicas antigas, recentes e também atuais que reforçam estereótipos e você anda cantarolando por aí despretensiosamente.

no Brasil Post

#1. ‘Esse Cara Sou Eu’ – Roberto Carlos

“O cara que pega você pelo braço/ Esbarra em quem for que interrompa seus passos/ Está do seu lado pro que der e vier/ O herói esperado por toda mulher”

Como esquecer da música que, por ser tema da novela Salve Jorge (Globo), e ser interpretada pelo “Rei” Roberto Carlos, estava na boca de todo mundo até um tempo atrás?

A letra remete a uma suposta dependência da mulher diante da figura masculina e reforça a ideia de que “toda mulher espera um herói”. Acreditamos que não é bem assim, Robertão. Aliás, nada assim.

 

#2. ‘Mesmo que seja eu’ – Erasmo Carlos e Roberto Carlos

“Antes mal acompanhada do que só/ Você precisa de um homem pra chamar de seu/ Mesmo que esse homem seja eu”

O homem aparece como uma figura protetora, aquele que vai ser o eterno provedor de indefesas donzelas, que não são ninguém sozinhas. A “doce vingança” feminina é que Marina Lima deu toda uma nova roupagem à canção em sua versão.

#3. ‘Loira Burra’ – Gabriel Pensador

“Existem mulheres que são uma beleza / mas quando abrem a boca, hum, que tristeza/ (…) bundinha empinada pra mostrar que é bonita / e a cabeça parafinada pra ficar igual paquita / Loira burra, loira burra, loira burra, loira burra…”

Não temos muito o que dizer sobre ‘Loira Burra’ e Gabriel O Pensador: apenas… não. Desde quando inteligência se classifica pelo gênero ou cor do cabelo?

#4. ‘Ciúme’ – Ultraje a Rigor

“Eu quero levar uma vida moderninha/ Deixar minha menininha sair sozinha/ Não ser machista e não bancar o possessivo/ Ser mais seguro e não ser tão impulsivo”

“Levar uma vida moderninha e poder deixar a minha menininha sair sozinha” é um dos clássicos da contradição. Ao mesmo tempo em que a letra tenta ser libertária, na verdade, é irônica e exalta a possessividade nos relacionamentos que oprime as mulheres — e também os homens.

#5. ‘Ai, que Saudade da Amélia’ – Mario Lago

“Às vezes passava fome ao meu lado / E achava bonito não ter o que comer / E quando me via contrariado / dizia meu filho o que se há de fazer / Amélia não tinha a menor vaidade / Amélia que era mulher de verdade”.

Composta por Mário Lago e Ataulfo Alves, a música entrou no imaginário popular e Amélia virou sinônimo de um certo tipo de dona de casa. Não ter “vaidade” e “achar bonito não ter o que comer” acabaram se tornando qualidades inerentes das Amélias, uma espécie de estereótipo do verdadeiro “lugar da mulher na sociedade”.

 

#6. ‘Trepadeira’ – Emicida

“Minha tulipa, a fama dela na favela enquanto eu dava uma ripa / Tru, azeda o caruru / E os mano me falava que essa mina dava mais do que chuchu” (…) “Dei todo amor, tratei como flor / mas no fim era uma trepadeira”.

A representação das mulheres no mundo do hip hop já é complicada, e a letra de uma das músicas do novo CD do rapper Emicida, ano passado, foi considerada machista por fazer trocadilhos com plantas para falar da traição de uma mulher. O cantor entrou em embate com militantes feministas que alegaram, à época, que a canção “repercute o discurso hegemônico que deprecia a mulher sexualmente livre e justifica a violência com base no comportamento dela”.

#7. ‘Calma’ – Jorge & Mateus

“Calma a sua insegurança não te leva a nada/ Eu quero ser seu homem te fazer amada/ Amar amar você até você se amar, e me amar”

Esta música da dupla sertaneja Jorge & Mateus, que está na lista das mais ouvidas do Vagalume (!), canta uma espécie de “ajuda” para as mulheres “terem calma” e com suas “inseguranças”. Puro “mansplaining” — quando um homem explica algo a uma mulher de forma condescendente. Apenas parem.

#8. ‘Cuida bem dela’ – Henrique & Juliano

“Cuida bem dela/ Ela gosta que reparem no cabelo dela/ Foi por um triz/ Mas fui incapaz de ser/ O que ela sempre quis/ Faça ela feliz”

O eu-lírico fala da mulher como se estivesse falando de um Passat 87 que vendeu para um amigo. Mulher não é um objeto que se entrega e diz, “tome cuidado com isso”. Mulher nenhuma é “coitadinha” e precisa que alguém cuide dela, Henrique & Juliano.

#9. ‘Run For Your Life’ – The Beatles

“You better run for your life if you can, little girl/ Hide your head in the sand, little girl/ Catch you with another man/ That’s the end, little girl”

A violência contra a mulher é marcante na letra de Run For Your Life, dos Beatles. Se ele prefere vê-la morta a vê-la com outro homem…

#10. ‘Since I’ve Been Loving You’ – Led Zeppelin

“Everybody trying to tell me/ That you didn’t mean me no good/ I’ve been trying, Lord, let me tell you/ Let me tell you I really did the best I could”

Led Zeppelin pode ser uma das bandas mais incríveis de todos os tempos. Mas, na letra de Since I’ve Been Loving You, Robert Plant expressa toda a chateação de um homem que parece ser um provedor, frente a uma mulher que “nega o seu amor”, e se transforma em interesseira, ardilosa, por não atingir às expectativas dele.

#11. ‘Amiga da minha mulher’ – Seu Jorge

“Se fosse mulher feia tava tudo certo/ Mulher bonita mexe com meu coração/ Se fosse mulher feia tava tudo certo/ Mulher bonita mexe com meu coração”

Na letra, o homem deseja a melhor amiga da esposa e mente para ela. A culpa é exclusivamente de quem? Dele não é…
Jura, mesmo, Seu Jorge?

 

#12. ‘Me Lambe’ – Raimundos

“Me dê agora seu telefone, outro dia a gente se liga/ Eu quero te levar pra onde dá um frio na barriga/ Me fala a verdade…quantos anos você tem?/ Eu acho que com a sua idade/ Já dá pra brincar de fazer neném…”

Precisa mesmo falar alguma coisa?

 

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