25 de julho impulsiona imagem da mulher negra

Mulheres negras lançam suas imagens através da campanha de mobilização pela internet para a Marcha das Mulheres Negras 2015 contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver. Para participar, é preciso que seja feita uma foto com a hashtag #Marcha2015MulheresNegras. A imagem pode ser individual ou em grupo e deve ser enviada para [email protected] .

Sandra Martins

Esta campanha é fruto do dia 25 de julho data em que se comemora o Dia da Mulher Negra Afro-latino-americana e Caribenha, que este ano terá um sabor especial. A presidenta Dilma Rousseff sancionou, em 2 de junho, a Lei No 12.987 que institui o 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela, liderança quilombola do século 18, que chefiou o Quilombo do Piolho ou Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso.

A mobilização pelo reconhecimento do profundo fosso que mantém a mulher negra em franca desvantagem em relação à mulher branca norteia o calendário feminista desde 1992. Nesta ocasião, na cidade de São Domingo, na República Dominicana, representações de 70 países, participaram do 1o Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. Duas deliberações saíram deste encontro: a criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e a definição do 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha.

O recente estudo denominado “A Cara do Cinema Nacional” revela que a grande maioria das mulheres negras está fora da produção do cinema brasileiro. A pesquisa foi produzida pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e destaca que a mulher negra não figura nos filmes nacionais de maior bilheteria.

Mesmo tendo atingido mais da metade da população feminina brasileira (51,7%), as negras apareceram em menos de dois a cada dez longas metragens entre os anos de 2002 e 2012. Também, do elenco principal de filmes nacionais, somente 4,4% são atrizes negras e pardas. Nesse período, nenhum dos mais de 218 filmes nacionais de maior bilheteria teve uma mulher negra na direção ou como roteirista.

A pesquisa A Cara do Cinema Nacional sugere que as produções para as telonas não refletem a realidade do país, uma vez que 53% dos brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O prejuízo, na avaliação das autoras do estudo, é a influência de determinados valores sobre a audiência.

“A subrepresentação da mulher negra na produção cultural brasileira ainda a encarcera no plano da invisibilidade. Não à toa que este tema é uma das preocupações do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, que ao ser lançado em 2011, buscou através da categoria Especial de Gênero Antonieta de Barros, valorizar a abordagem da mulher negra na imprensa”,
disse a jornalista Sandra Martins, coordenadora da 3a edição do Prêmio Abdias, também da coordenação da Cojira-Rio/SJPMRJ, ao citar a importância da mobilização do ativismo feminino que em julho desenvolve uma série de atividades que colocam o recorte de gênero e raça na pauta da imprensa em geral.

Debater para construir um outro olhar sobre as comunidades negras e tratar a mulher negra como um sujeito de direitos é fundamental. Para a médica Jurema Werneck, diretora da ONG Criola e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, a mídia ainda trata a mulher negra “como não-sujeito” reforçando estereótipos. “Somos expostas como vítimas, perpetradoras de tragédias, ou como veículos [transmissores] da tragédia: mãe, esposa ou irmã de assassinos”, alerta ela.

Jurema é uma das personalidades que participa do Latinidades – O festival da diáspora negra que acontecerá entre os dias 23 a 28, no Museu da República em Brasília. Este é o maior festival de mulheres negras da América Latina. Nascido em 2008, tinha o intuito de dar visibilidade ao Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e abrir espaço para convergir debates e iniciativas do estado e da sociedade civil relacionadas à promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo e sexismo. Seu diferencial, além da quantidade de estados e países envolvidos, diz respeito tanto ao seu caráter cultural quanto ao formativo.

Na edição 2014 – Griôs da Diáspora Negra, a programação cultural contará com grandes shows, sarau negro internacional, performances, espetáculo teatral, moda, artesanato, culinária, capoeira, lançamentos literários, oficinas artísticas a muito mais. O principal objetivo desta edição é discutir e trabalhar pelo fortalecimento da imagem das mulheres negras como detentoras de saberes indispensáveis às agendas voltadas à construção de uma sociedade livre de desigualdades de raça, gênero/sexualidade, classe, geracional, territorial etc. É uma edição sobre herança, tradição e ancestralidade.

Fonte: Sindicato dos Jornalistas

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