45 anos da Marcha sobre Washington

No dia 28 de agosto de 1963 acontecia na capital norte-americana a maior manifestação política que o movimento negro já realizou até hoje, a famosa Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade

“Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios”.

O famoso discurso de Martin Luther King em frente ao Monumento Nacional de Washington em 1963, ato que celebrou a assinatura de John F. Kennedy sobre a Lei dos Direitos Civis, seria o final de um capítulo da luta que se inicia nos anos 50 em torno dos direitos democráticos da população negra. A lei, no entanto, não seria mais que uma mera formalização do Estado capitalista para frear e dividir o processo revolucionário em marcha que teria como expressões os movimentos estudantis, mobilizações operárias e a mobilização democrática contra a guerra no Vietnã.

Os negros, uma importante minoria, constituíram, sem dúvida, o setor mais importante destas mobilizações que ameaçavam, para temor do imperialismo, levantar a classe operária norte-americana, a mais poderosa do mundo.

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Mais de 250 mil pessoas vindas de todo o País ocuparam as ruas de Washington para exigir seus direitos democráticos e acabar com a Lei de Segregação Racial. A manifestação era formada pela esmagadora maioria de negros, no qual muitos partiram de suas casas a pé. A própria burguesia, apesar da oposição dos setores racistas do Sul, teve que liquidar o que restava do regime de segregação para não dar lugar à sua liquidação revolucionária, que levaria a uma crise do regime político de conjunto e um movimento com reivindicações sociais mais defindas e revolucionárias.

A marcha foi a culminação da mobilização dos negros norte-americanos contra a exploração e a discriminação racial, sendo um golpe fulminante contra o governo, que no ano seguinte aprovou a lei contra a segregação racial.

Por detrás do pacifismo, a luta revolucionária

O líder Martin Luther King Jr., eternamente apresentado como o homem que conquistou os direitos civis para os negros norte-americanos, sempre foi, no entanto, a direita do movimento e buscou a todo o momento frear suas tendências revolucionárias e encaminhá-lo para uma política de acordo com o regime político imperialista.

Este acordo não foi fácil e, mais ainda, necessitou uma ampla mobilização da própria burguesia e a ação do próprio estado capitalista para conter as suas tendências revolucionárias.

O que poucos sabem, no entanto, é que por detrás deste movimento “democrático” e “pacifista” está oculto um movimento de massas verdadeiramente revolucionário, que levantou todo o cinturão negro dos estados sulistas contra o poder racista e suas forças repressivas, como a Ku Klux Klan, abrindo caminho para uma situação de virtual guerra civil.

Antes mesmo do surgimento dos Panteras Negras, em 1968, nascia no estado de Louisiana, mais precisamente na cidade de Bogalusa, os Diáconos pela Defesa e Justiça. Um grupo formado por negros veteranos da Segunda Guerra Mundial e da guerra da Coréia que pegaram em armas e formaram milícias negras, constituídas em grande medida de operários fabris, para iniciar uma guerra dentro dos seus próprios bairros contra os freqüentes ataques racistas e assassinatos de negros.

Os enfrentamentos dos Diáconos contra a KKK em Bogalusa obrigou o governo federal a intervir e fazer cumprir a Lei dos Direitos Civis de 1964 para evitar o que caminhava para se transformar em uma verdadeira guerra civil em um país com enormes contradições sociais.

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Com a aparição dos Diáconos na imprensa de todo País, que mostravam negros armados e ameaçadores, muitos passaram a especular que os EUA se dirigiam para uma guerra civil. Estavam corretos e o medo deste desdobramento inevitável foi o que levou o governo do imperialismo norte-americano a colocar em prática as leis no Sul segundo a famosa tática de entregar os anéis para não perder os dedos.

Esta luta armada não foi uma iniciativa isolada da luta geral das massas negras e nem se deu sem considerar a evolução da situação política, mas foi uma verdadeira expressão armada de um amplo movimento ascendente das massas negras nos EUA, um dos maiores movimentos de massas que aquele país conheceu.

Embora a Lei de Segregação Racial tenha sido extinta, até hoje os negros não só nos EUA, mas em todo o mundo continuam sofrendo discriminação em todos os setores da sociedade capitalista. Sua situação somente poderia evoluir como uma luta aberta contra o capitalismo e pelo poder da classe operária. A reforma dos direitos civis foi, nesse sentido, uma medida concreta de freio através de concessões legais.

O movimento negro deve se organizar em torno de um programa revolucionário e independente da burguesia, pois só assim podem garantir seus direitos elementares e, acima de tudo, o fim da exploração do homem pelo homem através de um governo operário.

O movimento negro norte-americano é a parte oculta da história política dos EUA. Sua importância política e revolucionária torna impossível esconder todos os fatos que influenciaram decisivamente a política, a economia e a cultura dos EUA.

 

 

Fonte: PCO

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