Beijos à força, puxões no cabelo, passadas de mão e outras investidas sem consentimento não podem ser encaradas como parte do Carnaval. Com o objetivo de acabar com o clima de vale-tudo na folia, a Revista AzMina em parceria com os movimentos #AgoraÉQueSãoElas, Vamos Juntas? e Bloco das Mulheres Rodadas e com o Catraca Livre lançaram um guia didático com as diferenças entre “paquerar” e “assediar“. A ação faz parte da campanha #CarnavalSemAssédio.
Por Líria Jade no EBC
Creative Commons – CC BY 3.0 – Guia didático da diferença entre paquera e assédio 01 AzMina
A diretora-executiva da Revista AzMina, Nana Queiroz, explica que a campanha é um grito por mudança e tem várias frentes, desde a conscientização virtual até ações no mundo real. “A campanha é uma parceria entre várias mulheres incríveis de vários grupos e coletivos que cansaram de ter que passar raiva e medo durante o Carnaval e decidiram agir. Nós não queremos mais dançar olhando pros lados para ver se alguém vai pegar na nossa bunda sem permissão”, desabafa.
O guia divulgado nas redes sociais mostra que ações como uma “cantada”, uma piadinha machista ou uma puxada no cabelo são todas assediosas.
As ações nas ruas englobam a distribuição de apitos para denunciar assediadores, grupos de mulheres que vão juntas para os blocos para protegerem umas as outras e o Bloco das Mulheres Rodadas que, neste ano, vai tomar as ruas do Rio com uma mensagem pelo fim do assédio na folia.
Nana indica que os homens leiam o guia para identificar as diferenças entre a paquera e o assédio para não serem “canalhas” no Carnaval. “É meio revoltante que ainda tenhamos que explicar pra marmanjos crescidos como é que se brinca de paquerar, mas essa é a maneira mais eficiente que encontramos de mudar esse quadro”, disse a ativista.
Para os idealizadores da campanha, o assédio faz parte do cotidiano da mulher desde o metrô até o trabalho, mas no Carnaval existe uma extrapolação dessa cultura machista que defende que o importa na folia é acumular os números de bocas beijadas. Nana aconselha que as mulheres saiam para se divertir acompanhadas e levem apitos para denunciar condutas indevidas.
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Quebra de silêncio
O trabalho feminista da jornalista começou há dois anos com o “Não Mereço Ser Estuprada” e ficou ainda mais forte com a criação da Associação AzMina de Jornalismo Investigativo, Cultura e Empoderamento Feminino no ano passado. “É reconfortante ver, a cada dia, como muitas mulheres nos escrevem dizendo que suas vidas foram transformadas ao quebrar o silêncio sobre o estupro que sofreram ou por terem entendido que o que o chefe fazia era assédio, por exemplo”, complementa Nana.