Empresária se prepara para ser primeira ‘mãe provisória’ de São Paulo

Quando o telefone toca na casa da empresária Jamie Chamberlain, 37, seu coração acelera —ela vai passar o Dia das Mães na expectativa da chegada de uma criança. Jamie é parte do programa família acolhedora, do Instituto Fazendo História, e está prestes a receber um “hóspede”.

Do Folha

O acolhimento, que já é realizado em outras partes do país, começa a ser desenvolvido em São Paulo. Três famílias já foram capacitadas.

Mãe de duas meninas, Sophie, 6, e Olívia, 4, Jamie conta que elas também estão muito ansiosas.

“Estão superanimadas para cuidar de um bebê. Não sei como será o ciúme, pois ele vai tirar um pouco do tempo que dedico a elas”, afirma a neozelandesa, que mora no Brasil há quase seis anos.

Diferentemente do processo de adoção, a família que acolhe fica com a criança por no máximo dois anos.

As crianças acolhidas foram afastadas de suas famílias pela Justiça por abandono, violência ou porque seus pais não têm condições de cuidar delas no momento.

Depois de participarem de um curso preparatório, as famílias têm um tempo para adequar a residência para a chegada da criança.

Os interessados também são preparados para entender que o novo membro não é filho. “Vai doer [quando a criança for embora]. Mas o programa faz a gente entender que o processo não é sobre nós, é sobre o bebê. Ele tem uma mãe e somos apenas a casa que acolhe por um tempo”, afirma Jamie.

CARINHO

Ela ainda não sabe qual será a forma de tratamento que a criança usará para chamá-la, mas diz que não será por mãe. “Vamos pensar em uma forma carinhosa.”

Adriana Pinheiro, coordenadora do Serviço de Acolhimento e Proteção Especial da Criança e Adolescente de Campinas (SP), diz que algumas crianças sentem necessidade de chamar seus cuidadores de mãe e pai. Para ela, o importante é que saibam a verdade de suas histórias.

De acordo com a coordenadora, há famílias que se apegam às crianças e sofrem quando elas retornam para parentes ou são encaminhadas para adoção.

“Algumas ficam tristes, sentem falta. Outras se abrem para novos acolhimentos e há as que não deram conta, se apegaram e não disseram um adeus saudável”, conta.

A professora Rosely Siqueira dos Santos Cardoso, 53, está no seu segundo acolhimento. No primeiro, ela ficou com uma menina que chegou à sua casa com 30 dias de vida. Agora, está com uma menina de três anos.

“A gente fica muito próximo quando é bebê. Sinto que vou sentir menos agora.”

No tempo de acolhimento, as famílias costumam receber ajuda de custo mensal de cerca de um salário mínimo.

Segundo Isabel Machado, coordenadora do Fazendo História, o incentivo financeiro não é o que motiva. “Há o desejo de ajudar, de transformar o mundo. Quem acolhe tem a certeza que vai mudar a vida de uma criança.”

MODALIDADE POUCO USADA

Das 36 mil crianças e adolescentes transferidas para serviços de acolhimento no Brasil, só 2.500 estavam na modalidade familiar, segundo Censo de 2014 do Sistema Único da Assistência Social.

As demais eram atendidas por serviços de acolhimento institucional, como abrigos e casas-lares.

Para Telma Maranho, diretora do Departamento de Proteção Social Especial do Ministério do Desenvolvimento Social, a aprovação do marco legal da primeira infância deve incentivar a forma de atendimento em famílias.

A nova lei estabelece que recursos públicos possam ser utilizados para a manutenção do serviço. O dispositivo, porém, ainda não foi regulamentado.

O Unicef defende o fim da institucionalização de menores de três anos, alegando que nessa faixa etária, cada ano de institucionalização resulta em quatro meses de atraso no desenvolvimento.

“Se o vínculo afetivo é importante para o ser humano, imagine para uma criança”, diz Telma.

Segundo ela, o Brasil está avançando na ampliação da assistência da família de origem para, dessa forma, evitar o afastamento entre pais e filhos.

Nos abrigos, segundo o ministério, podem ser acolhidas até 20 crianças ao mesmo tempo. Nas casas-lares, a capacidade é de até dez por unidade.

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