Em Curitiba, marcha se posiciona contra intolerância religiosa e racismo

Manifestantes sofrem, durante evento, caso de ameaça racista. Autor é acusado de injúria e lesão corporal grave

Por Laís Melo, do Brasil de Fato

“Quando as pessoas dizem ‘ninguém ficou ferido’, eu fiquei ferida sim, essa facada do racismo dói diariamente em nós” (Foto: Giorgia Prates)

Cerca de duas mil pessoas se reuniram em Curitiba, ontem (15), para a “Passeata Contra Intolerância Religiosa”, que reuniu representantes de diversas religiões.

Em sua terceira edição na capital paranaense, a manifestação saiu da Praça Tiradentes e caminhou até a Praça Eufrásio Corrêa, em frente à Câmara Municipal, posicionando-se contra discriminações religiosas, no reconhecimento que os cultos de matriz africana são os mais atacados.

Agressão

Testemunhas da passeata afirmam que tudo transcorreu tranquilamente, quando houve um evento isolado: um homem, com uma faca de cozinha em mãos, proferiu ameaças contra os manifestantes, afirmando que “mataria 400 negros macumbeiros, essa gente nojenta e fedida”.

Participante da manifestação, Telma Melo, psicóloga, afirma que se viu, mais uma vez, vítima de racismo:

“Ele falou olhando nos meus olhos. Eu sinto tristeza, muita dor. Quando as pessoas dizem ‘ninguém ficou ferido’, eu fiquei ferida sim, essa facada do racismo dói diariamente em nós. Nós negros nos sentimos feridos com as palavras racistas das pessoas, com o posicionamento do presidente em relação a nós, aos indígenas, transexuais, homossexuais, isso é uma violência que atinge”, afirma.

Conforme explica Telma, é indissociável pensar racismo e perseguição religiosa, “porque a intolerância religiosa sobre as matrizes africanas é contra o povo negro, é contra os tambores que eles querem calar. Querem calar nossa voz, como nossa música, nosso canto”.

De acordo com a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, o homem foi contido por terceiros, encaminhado até a central de flagrantes, onde afirmou que estava incomodado com o barulho. Está sob custódia do Estado, aguardando as demais providências, acusado de injúria e lesão corporal de natureza grave.

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