Mesmo com debates sobre representatividade, bonecas negras somam apenas 7% de produtos online

Enviado por / FonteDiário de Pernambuco

A quantidade de bonecas negras disponíveis para compra no mercado online é muito abaixo do número de crianças negras no Brasil. Esta é a conclusão da terceira edição do levantamento bianual realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social no contexto da campanha “Cadê Nossa Boneca?” sobre a disponibilidade de modelos de bonecas à venda.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas negras representam 53,6% da população do país. No entanto, mesmo com a crescente discussão sobre representatividade e a consolidação da população negra como parte importante do mercado consumidor, o segmento de brinquedos não retrata a realidade brasileira.

Segundo especialistas, o processo de auto identificação que acontece durante o processo de brincar é fundamental para o desenvolvimento da autoestima das crianças. “A partir daí, é pensar que ter bonecas pretas é necessário para uma educação mais justa, para alcançar as ideias de diversidade, de valorização do sujeito, de fortalecimento da autoestima, das inter-relações pessoais e sociais da criança. Faz todo o sentido, de convivência social, de respeito ao outro”, avalia Ana Marcílio, psicóloga, consultora associada da Avante e idealizadora da campanha.

A psicóloga Mylene Alves, que também faz parte da ONG, ressalta a importância da diversidade para os pequenos. “A criança apreende o mundo por meio do brincar. É essencial que ela tenha referências para que compreenda a si mesma e receba estímulos para que entenda que vive e convive com outros num ambiente de diversidade”, explica. “Muito do que nos tornamos quando adultos está enraizado na nossa infância, de forma que para sermos emocionalmente saudáveis, com autoestima e tolerância, precisamos olhar com atenção para o aprendizado e socialização das crianças. Já avançamos rumo a uma maior diversidade, mas ainda há um longo caminho pela frente”, conclui.

Ao todo, a pesquisa identificou 1.093 modelos de bonecas em 14 sites de fabricantes de brinquedos associados à Abrinq, dos quais apenas 6% eram negros. De todas as empresas pesquisadas, apenas oito possuíam bonecas negras em seus inventários. Nos levantamentos realizados em 2016 e 2018, os números foram semelhantes: 6,3 e 7%, respectivamente.

 

+ sobre o tema

para lembrar

spot_imgspot_img

Marca de maquiagem é criticada ao vender “tinta preta” para tom mais escuro de base

"De qual lado do meu rosto está a tinta preta e a base Youthforia?". Com cada metade do rosto coberto com um produto preto,...

Aluna é vítima de racismo e gordofobia em jogo de queimada na escola

A família de uma adolescente de 15 anos estudante do 9º ano do Colégio Pódion, na 713 Norte, denunciou um caso de racismo e preconceito sofridos...

Atriz Samara Felippo presta depoimento em delegacia sobre caso de racismo contra filha em escola de SP

A atriz Samara Felippo chegou por volta das 10h desta terça-feira (30) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no Centro de São Paulo. Assista o...
-+=