por: Alan Maschio
Esta foto estampou a capa da Folha de São Paulo de hoje.
Me fez lembrar de um filme muito bom.
Chama-se “Tempo de Matar”.
É sobre o julgamento de um homem negro que matou dois rapazes que estupraram e mataram a filha dele, uma criança.
Ele mora (e comete o crime) em um Estado americano (não me lembro qual) onde o racismo é histórico.
No final do filme, quando a batalha pela não condenação do homem à pena de morte estava quase perdida, o advogado apela para um argumento triste, imoral, mas infelizmente, infalível – o próprio racismo.
Ele diz para os jurados:
“Imaginem aquela menina negra sendo estuprada, espancada, machucada por dois adultos. Agora imaginem se ela fosse branca.”
O pai da menina é absolvido.
O que essa história tem a ver com a greve dos PMs na Bahia?
O argumento mais forte dos policiais para que o governo aceite negociar é a frase vista na foto.
O carnaval baiano corre o risco de ser cancelado.
Isso é uma ameaça séria ao governo.
O fato de o número de homicídios ter subido 145% em pouco mais de uma semana de nada serve como justificativa para negociações.
Mas o cancelamento do carnaval… Ah, não…
O Brasil não pode ficar sem carnaval.
Pode ter mais homicídios.
Mas não pode ficar sem carnaval.
Fonte: O Diário