Vídeo mostra últimos momentos de vida do dançarino de Gualter Rocha o Rei dos Passinho

Dois suspeitos de terem matado o dançarino Gualter Rocha, o Gambá, conhecido também como “rei dos passinhos”, foram presos na manhã desta sexta-feira (10), na rua Pesqueiras, em Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro. Eles foram detidos no mesmo local onde a polícia encontrou o corpo da vítima no dia 1º de janeiro deste ano. Os homens serão apresentados às 10h, na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, na zona oeste.

Segundo a Polícia Civil, um dos suspeitos, identificado como Carlos Emílio Cerqueira, 45 anos, é vigia da rua onde ocorreu o crime, e José Antonio Ferreira Dias, 57 anos, é morador do local.

A polícia informou que a dupla teria espancado e asfixiado o dançarino e, em seguida, arrastado o corpo da vítima até a rua onde foi encontrado pela polícia. O juízo do 2º Tribunal do Júri decretou a prisão temporária por 30 dias dos suspeitos.

O dançarino teria sido visto pela última vez em um baile funk na favela do Mandela, em Manguinhos, na zona norte, na noite de Réveillon. Levado ao IML (Instituto Médico Legal) e sem identificação, o corpo foi enterrado como indigente três dias depois. Sem notícias de Gualter, um dos irmãos esteve no IML e reconheceu Gambá em fotos. O corpo apresentava diversos hematomas, o que pode indicar que ele tenha sido espancado até a morte.

Gambá foi enterrado no dia 12 de janeiro, no cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, diante de cerca de 300 pessoas. Duas horas antes, os pais do jovem acompanharam a exumação do corpo no cemitério de Santa Cruz, na zona oeste. Entre familiares e amigos, o sentimento era de tristeza, indignação e angústia sobre o que teria levado à morte do jovem, descrito por todos como um rapaz divertido, carismático e tranquilo.

Dedicação à dança

Exímio dançarino, Gualter fazia bicos como gesseiro e se preparava para dedicar-se exclusivamente à carreira na dança. Havia recebido convites para fazer apresentações em escolas e aparições nos shows da cantora Preta Gil, que esteve no enterro.

– Ele tinha um estilo diferente, que era só dele. Se estudasse dança, com certeza seria um grande bailarino. Ele vai dançar comigo para sempre e receber eternamente meu amor. Me apaixonei quando o vi dançando.

A juíza criminal Thelma Fraga, que também compareceu ao funeral, conta que conheceu Gambá como jurada da fase final do concurso batalha dos passinhos, em setembro do ano passado. Segundo a magistrada, Gualter “quebrou paradigmas” com sua forma peculiar e provocativa de dançar funk.

– Ele pregava um funk sem violência, trouxe inovação no jeito de dançar funk com passos de balé, kuduro [dança angolana] e com trejeitos femininos. Ele era uma pessoa irreverente, era brincalhão e dócil.

Amigos e parentes de Gualter usavam camisetas com uma foto do dançarino e palavras de conforto. Durante o velório improvisado, amigos bateram palmas em ritmo de funk.

Gualter era o terceiro de quatro irmãos e, segundo a família, morava com um primo na Vila Joaniza, na Ilha. A mãe de Gambá, a cozinheira Edite Damasceno, havia se mudado para Juiz de Fora, cidade natal da família, há apenas dois meses.

A família diz que não recebeu qualquer informação sobre o rumo das investigações, que correm em sigilo na Divisão de Homicídios.

 

Fonte: R7

+ sobre o tema

“SBT não pode acobertar” Sheherazade, diz deputada

  Em entrevista ao 247, deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ)...

Mestrado de major diz que PM é racista

Pesquisa aponta que 51% dos negros no Brasil declararam...

Amor afrocentrado é, além de cuidado, desintoxicação

Já faz algum tempo que eu queria falar sobre...

Pedreiro chora após ser constrangido no estacionamento do Riomar Shopping

O pedreiro Edilson dos Santos, 40 anos, foi constrangido...

para lembrar

Aumenta número de processos por discriminação em SP

A Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania,...

Angola de ontem, Brasil de hoje: desigualdades aproximam os países

Entre 2009 e 2011, passei um período em Angola –parte na...

A semântica e o racismo

Os políticos da Alemanha estudam votar uma emenda para...

Bahia honra sangue negro e assume ponta contra elitização do futebol

O desenvolvimento do futebol está associado com os movimentos...
spot_imgspot_img

Relatório da Anistia Internacional mostra violência policial no mundo

Violência policial, dificuldade da população em acessar direitos básicos, demora na demarcação de terras indígenas e na titulação de territórios quilombolas são alguns dos...

Aos 45 anos, ‘Cadernos Negros’ ainda é leitura obrigatória em meio à luta literária

Acabo de ler "Cadernos Negros: Poemas Afro-Brasileiros", volume 45, edição do coletivo Quilombhoje Literatura, publicação organizada com afinco pelos escritores Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. O número 45...

CCJ do Senado aprova projeto que amplia cotas raciais para concursos

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (24), por 16 votos a 10, o projeto de lei (PL) que prorroga por dez...
-+=