A população alagoana carrega uma cidadania sem identidade. Até quando?

Por: Arísia Barros

O estado d’onde outrora se instalou a República dos Palmares, hoje denominado de Alagoas, traz o selo do colonialismo entranhado em sua organização política.

A contemporânea República dos Marechais, secular e revigorada, traz como pressuposto em sua cartilha legalista o “modus operandi”, ou seja, o governo se investe de poder relegando a sociedade a uma mera coadjuvante política.

É a representação abissal do estado etnicista.

É o domínio-colonialista mimetizando a produção social das amplas maiorias minorizadas.

É o domínio-colonialista e hegemônico: quase todos homens, brancos,católicos, ditos heterossexuais que se utiliza dessa confluência do poder para instalar o código sagrado da obediência.

É comum encontrar nas colunas perfiladas nas representações do poder do estado etnicista pequenos “funcionári@s” como reprodutores vigilantes das normatizações que

agrupam as pessoas entre “amigas” e “inimigas” do poder.

E a sociedade alagoana embriagada pelo fisiologismo da troca de favores do tome-lá-dá-cá ou quero-ocupar-um-cargo-no-poder incorpora a sedação social da passividade ambígua e conflituosa.

O fisiologismo torna a sociedade ególatra na busca do auto-favorecimento e ganhos pessoais. Nessa equação o coletivo social configura-se como o outro, o diferente, o desigual, o “inimigo” do estado

A sociedade alagoana é uma fiel reprodutora do “modus operandi’ estatal.

É uma guerra civil moderna: onde manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Alguém já viu esse filme antes?

A relação de excessiva civilidade e passividade dos movimentos sociais em relação à política etnicista promove o apagamento de identidades.

Afinal, o que é ser povo alagoano, além de carregar as bandeiras do poder por “20 contos de reis?”

Passados nove anos da criação da Secretaria Especializada da Mulher, (Lei nº 6.326, de 03 de julho de 2002), na gestão Ronaldo Lessa, pioneiramente, coordenada por uma mulher negra, as mulheres alagoanas e as amplas minorias minorizadas, ocupam mimetizados e figurativos espaços na partilha sócio-política estatal e dentre estas, as mulheres negras são invisibilizadas no bojo das políticas da universalização dos direitos ou do discurso corrente que leis são para TODAS as mulheres.

Discurso repetido sistematicamente pela arquitetura dos órgãos representativos da política dos direitos humanos, que ao incorporarem a universalização da temática, sem as especificações necessárias, não interpretam os problemas gerados pelo racismo institucional como articuladores das desigualdades sociais.

Somos no Brasil em torno de 36 milhões de mulheres de pele preta ou parda, mas continuamos invisíveis à luz das políticas públicas.

Na República dos Palmares, a terra das belas praias e das gentes mais pobres entre os pobres do Brasil, a ausência flagrante de políticas públicas com solução de continuidade, que contemplem as amplas maiorias minorizadas faz prosperar os quilombos do apartheid. É uma espécie de autocracia alagoana. Lugar em que a política é a representação clássica do poder hegemônico: homem,branco, católico,dito heterossexual.

É urgente apreender a historicidade da população de pele preta ou parda além do

redutor, midiático e vendável tripé dança=culinária=religião.

A população alagoana, dentre ela, a de pele preta e parda da República dos Palmares carrega uma cidadania sem identidade.

Até quando?

 

Fonte: Cada Minuto

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