Adhemar Ferreira da Silva

Um fato curioso, mas que mostra o caráter de Adhemar, aconteceu após os Jogos de Melbourne. O governo brasileiro ofereceu ao atleta uma casa como recompensa por suas conquistas -e ele recusou. Caso aceitasse qualquer pagamento por seus feitos como atleta, ele seria impedido de competir novamente nos Jogos Olímpicos, que só aceitavam atletas amadores.

Alexandre Mata Tortoriello

Único brasileiro a conquistar duas medalhas de ouro em Olimpíadas, Adhemar Ferreira da Silva também foi responsável pelo primeiro ouro conquistado pelo atletismo brasileiro. De origem simples, o atleta nasceu na capital paulista, no bairro da Casa Verde em 29 de setembro de 1927. Silva ajudava o pai, ferroviário, e a mãe, cozinheira, para aumentar o orçamento familiar. Começou no salto triplo em 1948, aos 18 anos.

A primeira competição foi em 1947, quando obteve 13,05 metros no Troféu Brasil. Sob orientação de Dietrich Gherner (Alemanha), o brasileiro conseguiu índice para disputar os Jogos Olímpicos daquele ano, disputados em Londres. Com um salto de 15,03 metros, ficou apenas no 14º lugar.

O brasileiro disputou a Olimpíada seguinte, em Helsinque (1952), na Finlândia. Desta vez, Silva não era mais um mero coadjuvante, mas já havia conquistado a primeira de três medalhas de ouroAdhemar em Jogos Panamericanos. No Jogos, o atleta conseguiu um feito extraordinário. Em uma mesma tarde quebrou quatro vezes o recorde olímpico e uma vez o mundial. Os saltos foram de 16,05 metros, 16,09m, 16,12m e 16,22m.

O campeão olímpico repetiu o desempenho quatro anos depois, em Melbourne, na Austrália. O último salto Olímpico de Adhemar Ferreira da Silva foi de 16,35 metros. Em 1960, o brasileiro foi vítima de uma tuberculose, encerrando a carreira aos 32 anos. Silva já se concentrava para as Olimpíadas de Roma, quando a doença foi diagnosticada dias antes da cerimônia de abertura. Debilitado, ficou for a de forma e foi desclassificado. Na saída do estúdio, foi ovacionado por espectadores e atletas.

Em sua vitoriosa carreira, conquistou ainda as glórias de pentacampeonato sul-americano, campeão luso-brasileiro de 1960, em Lisboa, foi dez vezes campeão nacional e arrebatou mais de 40 títulos internacionais.

Fora dos estúdios, Silva também tem um currículo invejável. Tendo se formado escultor pela Escola Técnica Federal de São Paulo, Educação Física na Escola do Exército, Direito na Universidade do Brasil e Relações Públicas na Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero (SP). Em 1956, atuou na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes. Três anos depois, o basileiro conquistou mais um título internacional, mas desta vez, no cinema. Adhemar Ferreira da Silva foi ator no filme franco-ítalo-brasileiro Orfeu do Carnaval, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1959. Entre 1964 e 1967 foi adido cultural da Embaixada Brasileira na Nigéria.

Adhemar Ferreira da Silva trabalhava para o Estado e fazia parte da organizaçã do GranPrix de Atletismo que acontece em maio no Brasil, fazendo parte do calendário da IAAF.”

Morreu em 12 de janeiro de 2001, em São Paulo, vítima de parada cardíaca provocada por complicações respiratórias.

Adhemar Ferreira da Silva
Nascimento: 29/09/1927
Morte: 12/01/2001
Primeira competição: Troféu Brasil de 1947
Títulos: dez vezes campeão brasileiro, pentacampeão sul-americano, bicampeão olímpico
Foi ator na primeira versão do filme Orfeu do Carnaval, do francês Marcel Camus, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1959.

 

-+=
Sair da versão mobile