Uma advogada de 43 anos está sendo acusada de injúria racial contra uma funcionária de um bar no bairro Cambuí, em Campinas, além de um policial militar e um segurança amigo da equipe de seguranças do estabelecimento. Ela também é acusada de agredir fisicamente duas seguranças femininas. O ataque racial ocorreu na madrugada de sábado, e a advogada foi presa em flagrante, mas liberada durante a audiência de custódia. Segundo a defesa, ela permanece hospitalizada.
De acordo com uma das vítimas, a advogada estava visivelmente alterada e descontrolada, proferindo insultos raciais como “preto” e “macaco” contra os dois agentes e a funcionária do bar, que foi chamada de “preta encardida” e “favelada”. Além disso, a advogada puxou o cabelo e atacou duas seguranças femininas que foram chamadas para retirá-la do local, e deu tapas no rosto de um sargento da Polícia Militar (PM) que foi acionado para contê-la.
O segurança que foi vítima da injúria relatou que estava no bar quando foi chamado pelo gerente para ajudar a conter uma mulher descontrolada que havia quebrado um copo na pista de dança. Ele se aproximou da mulher, que estava acompanhada de um rapaz que ela havia conhecido no local, e pediu que ela colocasse os sapatos e se afastasse dos estilhaços no chão para evitar ferimentos.
O segurança que foi vítima da injúria relatou que estava no bar quando foi chamado pelo gerente para ajudar a conter uma mulher descontrolada que havia quebrado um copo na pista de dança. Ele se aproximou da mulher, que estava acompanhada de um rapaz que ela havia conhecido no local, e pediu que ela colocasse os sapatos e se afastasse dos estilhaços no chão para evitar ferimentos.
“Chamei a equipe de limpeza, pois o local estava cheio e poderia machucar ela e outras pessoas. Mas ela disse que ninguém a tiraria de lá, pois era advogada. O rapaz que a acompanhava tentou convencê-la a sair, mas ela pegou uma garrafa de água e jogou nele e no chão”, relatou o segurança, vítima da injúria racial.
A advogada insultou uma funcionária e um policial militar de folga que estava no estabelecimento, além de puxar o cabelo das seguranças femininas. Do lado de fora, a advogada agrediu verbalmente o segurança que tentava apaziguar a confusão. “Falei para ela que, como advogada, deveria dar o exemplo, mas ela me chamou de ‘macaco preto’. Ela chegou a entrar em luta corporal com uma amiga que estava com ela. No caminho, ela chutava tanto o vidro da viatura que o sargento teve que parar e algemá-la”, relatou a vítima, cujo nome foi preservado.
O caso será investigado pelo 13º Distrito Policial (DP) e foi registrado como injúria racial, lesão corporal e resistência. Até o momento, o segurança foi o único a prestar queixa contra a advogada. Em nota, a advogada de defesa da jurista, Luanna Lance, informou que foi contratada pela família da acusada após o flagrante e que, “diante dos fatos e tendo em vista que a acusada permanece internada e sob cuidados médicos desde o sábado, não foi possível o contato direto entre ela e a defesa”. “Estamos aguardando a possibilidade de contato direto com ela para que todos os fatos sejam apurados e oportunamente esclarecidos”, destacou.
Em nota, o Tribunal de Justiça confirmou a liberação da jurista na audiência de custódia, mas com imposição de medidas cautelares.
OAB
No final da tarde de ontem, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) publicou uma nota oficial informando que a entidade decidiu exonerar a advogada envolvida no caso de injúria racial do cargo de membro da Comissão de Direito do Trabalho. A entidade também informou que “acompanhará o caso tanto na fase de inquérito pelas autoridades policiais, como no Poder Judiciário”.
Em nota pública, as comissões de Igualdade Racial, da Verdade sobre a Escravidão, de Ética e Disciplina, e de Direitos e Prerrogativas da OAB Campinas manifestaram “total repúdio aos eventos noticiados na mídia jornalística local, de que uma advogada desta Subseção teria proferido ofensas racistas contra um garçom em seu horário de trabalho.” Na mesma nota, essas comissões da OAB lembraram que a prática de racismo e injúria racial constitui crime inafiançável e imprescritível. Por fim, solicitaram a “urgente e devida apuração dos eventos narrados pelas autoridades competentes. Contamos com a colaboração dos órgãos competentes para uma profícua e pedagógica sanção.”