Amarildo em São Paulo – “As pessoas, só saem para se manifestar quando matam o filho delas”

Protesto em São Paulo contra o desaparecimento de Amarildo tem 13 detidos 

Terminou com treze detidos o protesto na capital paulista contra o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza no Rio de Janeiro, contra o governador Geraldo Alckmin e pedindo a desmilitarização da polícia. Os manifestantes foram detidos no final do ato, na avenida Paulista, próximo à rua da Consolação, por picharem uma farmácia.

O protesto, com cerca de 300 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, saiu do Viaduto do Chá, passou pela avenida 23 de Maio e pela avenida Brigadeiro Luiz Antônio antes de chegar à avenida Paulista. Esta é a terceira manifestação feita em São Paulo com estes objetivos.

Durante o trajeto na avenida Paulista, os manifestantes tentaram avançar sobre agências bancárias e deram gritos de guerra em favor da depredação. A polícia, no entanto, atuou para proteger as agências. Nos dois primeiros atos promovidos em solidariedade ao movimento carioca que pede explicações no caso do desaparecimento do pedreiro, agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram atacados. Amarildo desapareceu na Favela da Rocinha após ser levado por policiais militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

 

SP: manifestantes param faixa da 23 de Maio por desaparecido

 

Ao chegar à avenida Brigadeiro Luiz Antônio, houve um início de tumulto quando os policiais imobilizaram um manifestante. Posteriormente ele foi liberado. Também houve tumulto no momento das prisões na avenida Paulista, e a polícia chegou a usar bombas de efeito moral.

Vânia Folco, 50 anos, acredita que a mobilização é importante para evitar que o que aconteceu com Amarildo se repita. “As pessoas são muito egoístas, só saem para se manifestar quando matam o filho delas”, disse a artesã que, apesar de não participar das depredações, não condena os atos de vandalismo. “A única maneira de chamar a atenção é quebrando”.

A monitora de qualidade Natali Ferreira foi à manifestação para protestar, principalmente, contra o governador Geraldo Alckmin que, na opinião dela, não trouxe avanços nas áreas mais relevantes. “É a saúde que não temos, a educação que não temos, transporte que não temos. E ainda a polícia que é bruta”, criticou.

Um panfleto distribuído no ato e assinado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) pedia a extinção da PM. O texto dizia que a corporação trabalha com “ódio e é parte da uma ideologia reacionária” e lembrava do Massacre do Carandiru, que está na segunda fase de julgamento nesta semana. Nesta etapa, 25 policiais militares são acusados pela morte de 73 detentos que ocupavam o terceiro pavimento do Pavilhão 9 da Casa de Detenção Carandiru. Toda a ação para reprimir a rebelião no Carandiru, em 1992, resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos.

 

 

Fonte: Terra

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