Amílcar Cabral é o segundo maior líder da história

O ideólogo das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, foi considerado o segundo maior líder mundial de todos os tempos, numa lista elaborada por historiadores para a BBC. A lista é da “BBC World Histories Magazine” e foi feita por historiadores, que nomearam aquele que consideraram o maior líder, alguém que exerceu poder e teve um impacto positivo na humanidade.

Por Lusa, No Santiago Magazine

Foto em preto e branco de Amílcar Cabral - homem negro, de pouco cabelo, usando óculos de grau
Foto: AFP Gett Images

Num trabalho que começou no início do ano, a revista contou com a colaboração dos mais destacados historiadores e a votação de leitores, que escolheram como o maior líder de sempre Maharaja Ranjit Singh, líder do império sikh do início do século XIX.

Maharaja Ranjit Singh foi considerado um modernizador e unificador, com um reinado que marcou uma era muito positiva para o Punjab e o noroeste da Índia. Teve mais de 38% dos votos.

E logo a seguir, com 25% dos votos, aparece Amílcar Cabral, descrito como o “combatente pela independência africana”, que reuniu mais de um milhão de guineenses para se libertarem da ocupação portuguesa, uma ação que levou outros países africanos colonizados a lutarem pela independência.

Depois de Amílcar Cabral, surge na lista o britânico Winston Churchill, com 07% dos votos, e em quarto lugar o Presidente americano Abraham Lincoln, seguindo-se na quinta posição a monarca britânica Elisabeth I. A lista incluía o faraó AmenhotepIII, o rei inglês William III, o imperador da China Wu Zetian, a combatente francesa Joana d´Arc, o imperador do Mali Mansa Musa, a imperatriz russa Catarina, a Grande, ou o Papa Inocêncio III, entre uma vintena de nomes.

Amílcar Cabral foi escolhido pelo historiador britânico Hakim Adi, especialista em assuntos africanos, e para quem a luta de Cabral pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde também transformou Portugal. Professor de História de África e de Diáspora Africana na Universidade britânica de Chichester, Hakim Adi lembra, ao justificar a escolha de Amílcar Cabral, que grande parte dos países africanos alcançou a independência no início dos anos 1960, o que não aconteceu com as então colónias portuguesas.

E diz depois que “o grande Amílcar Cabral” além da luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde também teve um papel de liderança na libertação de outras colónias portuguesas. E essas lutas armadas acabaram por resultar numa revolução em Portugal “e no início de uma nova era democrática” na netão metrópole. “Muitos africanos continuam a ser inspirados pela grande liderança de Cabral. A sua vida e trabalho mostram que, quaisquer que sejam os obstáculos, as pessoas são capazes de ser os seus próprios libertadores”, diz o historiador.

Entre os historiadores convidados que escolheram os “seus” líderes contam-se o professor de História e cientista político especializado em história da China da Universidade de Oxford, Rana Mitter, a professora e historiadora da Universidade de Toronto, Margaret MacMillan, ou o historiador e diretor do Smithsonian’s National Museum of African Art em Washington, Gus Casely-Hayford.

Nascido na Guiné-Bissau em 12 de setembro de 1924, filho de cabo-verdianos, Amílcar Cabral fundou o PAIGC, lançando as bases do movimento que levaria à independência das duas antigas colónias portuguesas, Guiné e Cabo Verde.

Cabral foi assassinado em 20 de Janeiro de 1973, em Conacri, em circunstâncias ainda hoje não totalmente claras, antes de ver os dois países tornarem-se independentes.

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