Ao menos 161 morrem em supostos conflitos étnicos no nordeste do Congo

Ao menos 161 pessoas foram mortas em uma província do nordeste da República Democrática do Congo na última semana, disseram autoridades locais nesta segunda-feira, uma aparente ressurgência de conflitos étnicos entre comunidades agrícolas e pastoris.

Por Fiston Mahamba, do Extra 

 

Conflito aconteceu entre grupos de pastores (Foto: Pixabay)

Uma série de ataques na província de Ituri teve como alvo principalmente pastores hemas, que estão em conflito há tempos com agricultores lendus a propósito do direito de pastagem e da representação política, mas a identidade exata dos agressores não está clara.

Um conflito aberto entre hemas e lendus entre 1999 e 2007 resultou em estimadas 50 mil mortes, um dos capítulos mais sangrentos de uma guerra civil no leste do Congo que deixou milhões de mortes causadas pelo confronto, pela fome e por doenças.

Ataques retaliatórios entre os dois grupos no final de 2017 e no início de 2018 mataram centenas de pessoas e forçaram dezenas de milhares a fugirem de casa, mas uma calma frágil se mantinha até este mês.

Pascal Kakoraki Baguma, parlamentar nacional de Ituri, disse que o episódio de violência mais recente foi provocado pelo assassinato de quatro empresários lendus na segunda-feira passada.

“Membros da comunidade lendu acreditaram que estes assassinatos foram obra dos hemas”, disse Kakoraki. “Foi por isso que eles realizaram vários ataques a vilarejos hemas”.

“Fontes afirmam que 161 corpos foram encontrados até agora. Mas o saldo de mortes vai além dos corpos recuperados, já que houve outros massacres de civis e policiais”, disse.

Jean Bosco Lalo, presidente de organizações da sociedade civil de Ituri, disse que 200 corpos foram encontrados desde a semana passada em vilarejos predominantemente hemas, incluindo os 161 mencionados por Kakoraki. Lalo disse que o saldo de mortes aumentará quando suas equipes tiverem acesso a outros vilarejos onde mortes foram relatadas.

O governador de Ituri, Jean Bamanisa, disse que as autoridades provinciais ainda trabalham para estabelecer o saldo de mortes exato e não quis apontar responsáveis.

(Por Fiston Mahamba; reportagem e redação adicional de Aaron Ross em Dacar)

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