Apreensões sobre o racismo norte-americano

A pequena cidade de Ferguson, no Missouri (centro dos Estados Unidos), viveu sua quinta noite de protestos pela morte de um jovem negro desarmado provocada por um policial branco no sábado passado, revivendo o polêmico debate sobre o racismo nos Estados Unidos.

Para se  ter uma ideia, 13% da população dos Estados Unidos é formada por afro-americanos, que formam 50% das vítimas de homicídios no país. E 82% desses crimes foram cometidos com armas de fogo.Os homens afro-americanos têm sete vezes mais chances de morrer por homicídio do que homens brancos.

Além do que, os EUA contabilizam hoje 591 grupos que pregam supremacia racial (nacionalismo branco, skinheads, neonazistas e da Ku Klux Klan), num movimento que se acentuou após a primeira eleição de Obama, segundo o Centro Legal de Pobreza do Sul. Há, em resposta, 113 grupos separatistas negros.

Transportado à vida diária, o racismo disfarçado perpetua desigualdades. No mercado de trabalho, estudo conjunto de pesquisadores da Universidade de Chicago e do MIT apontou que os profissionais de nomes tradicionalmente brancos (Emily Walsh, Brendan Baker etc) têm 50% mais chances de serem chamados para uma primeira entrevista do que aqueles com nomes predominantemente negros (Lakisha Washington, Jamal Jones), concorrendo a vagas médias e com qualificação equivalente. Mesmo os afroamericanos mais preparados do que os brancos têm menos oportunidades.

É bem conhecida a realidade histórica dos EUA: os negros amargam desemprego e níveis de pobreza muito maiores, padrões de educação formal e salários menores. São o elo fraco da crescente desigualdade americana — e suas crianças sofrem particularmente, entre as minorias no país: 42,5% daquelas com menos de 5 anos são pobres.

O acesso à educação é um dos pilares da disparidade racial. A garotada negra tem menos acesso a creches e pré-escola, fatores fundamentais para o sucesso acadêmico e profissional. Seus pais têm menos recursos para bancar a pré-educação e o Estado não investe o suficiente em instituições públicas, simplesmente não é prioridade da agenda nacional.

Por fim, é importante lembrar, esta história é sobre os EUA. Mas, em tempos de pastor Marcos Feliciano, entre outros pastores, bananas arremessadas a jogadores de futebol, garotos negros amarrados nus a postes como forma de punição e números estratosféricos de assassinatos de jovens pretos, faria muito bem ao Brasil fazer esta reflexão.

Fonte: Além de Economia

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