Quando nascemos, somos acolhidos por um mundo cheio de possibilidades, onde cada experiência nos conduz a distintas trajetórias. Desde os primeiros passos até as primeiras conquistas, o universo ao nosso redor abre diversas oportunidades para não somente moldar a nossa jornada na Terra como para reverberar nas condutas dos outros.
Cada pessoa com quem temos contato no dia a dia exerce uma influência singular sobre nossos atos e pode se tornar fonte de inspiração. Muitas são admiradas não apenas por suas conquistas mas pelos seus gestos e atitudes, que nos motivam a trilhar caminhos semelhantes.
Durante parte significativa de nossa formação, nossos pais, parentes e amizades próximas desempenham os maiores papéis como referências de conduta. Esses laços familiares e sociais moldam nossas primeiras percepções sobre o mundo, nos ensinando um conjunto de valores e comportamentos que passamos a seguir quase instintivamente.
No entanto, à medida que crescemos e expandimos nossos horizontes, começamos a nos abrir para influências externas que também passam a contribuir na construção de nossa identidade e na maneira como enxergamos o mundo e nosso lugar nele.
Quando essas influências são restritas, nossa própria visão de mundo também passa a ser. A ausência de referências que representem as diferentes realidades sociais e culturais não só atrofia como enxergamos a sociedade como contribui para reforçar preconceitos, perpetuando uma mentalidade isolada das complexidades do país.
Ao nos inspirarmos apenas em perspectivas que reforçam a visão de mundo preconcebida em nossas trajetórias individuais, deixamos de explorar a riqueza das experiências de vivências alternativas que amplificariam nossa compreensão dos nossos semelhantes.
Ao limitar a existência somente ao diálogo com aqueles que pensam como a gente e evitar a abertura para entender as motivações do próximo, corremos o risco de nos enclausurar em uma bolha de ideias homogêneas.
Nesse contexto, a segregação brasileira levou a um profundo desconhecimento das realidades alheias, a uma socialização em ambientes homogêneos e a uma exposição atrofiada de perspectivas distintas.
Quando somos criados em bolhas sociais que reforçam nossas crenças, limitamos a amplitude de nossa própria liberdade ao vivenciar internamente, e expor em nossas ações, um espectro reducionista de mundo.
Como resultado, a empatia, que é fundamental para a coesão social e o progresso coletivo, fica enfraquecida. A falta de uma real conexão com as diversas realidades do país cria barreiras invisíveis, onde o desconhecimento e a indiferença se tornam um relevante obstáculo ao desenvolvimento de uma nação mais próspera.
Em um mundo que valoriza a riqueza material e a competição em detrimento da colaboração e da compreensão mútua, a empatia se tornou uma habilidade esquecida, negligenciada e, não raramente, desprezada.
O texto é uma homenagem à música “Marvin”, interpretada pela banda Titãs.