“As mulheres apanham de norte a sul do Brasil”

Vice-presidente da OAB-DF, Daniela Teixeira defende medidas exemplares contra agressores de mulheres e aponta os desafios enfrentados pelas advogadas

por Tory Oliveira no Carta Capital

“Enquanto os agressores não forem punidos, a violência não vai diminuir. Eles devem ser punidos, sejam quer for. Seja o marido da vítima, seja o promotor que está abusando de uma vítima em uma audiência, seja um deputado que é réu numa ação já recebida pelo STF”, declarou a vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal, Daniela Teixeira, referindo-se ao deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal por injúria e apologia ao estupro.

A declaração da brasiliense de 44 anos causou alvoroço no plenário da Câmara dos Deputados. Em meio a uma discussão sobre medidas de enfrentamento da violência contra a mulher no último dia 14, Bolsonaro se indignou ao ser citado. Aos berros e de dedo em riste, foi até a Mesa da Câmara e tentou interromper a sessão, presidida por Maria do Rosário (PT-RS).

A reação do parlamentar provocou a indignação da OAB. A entidade emitiu uma nota de desagravo em que estendeu a agressão do parlamentar a todas as mulheres advogadas. Teixeira, que cursou Ciências Políticas e Direito na Universidade de Brasília (UnB), saiu acompanhada da Câmara por assessores e parlamentares.

Apesar dos avanços nas legislações dos últimos anos, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, o índice de violência de gênero ainda é epidêmico no Brasil. Dados da Organização Mundial da Saúde colocam o Brasil como o quinto país do mundo em assassinatos de mulheres, atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Levantamento realizado pelo Data Senado revelou que uma em cada cinco mulheres já sofreu algum tipo de violência.

“Precisamos educar os nossos jovens: a mulher para não aceitar apanhar, o homem para não bater e as pessoas para denunciar”, afirmou a vice-presidente da OAB-DF. Em entrevista, Teixeira critica propostas de mudanças na Lei Maria da Penha, apontou entraves para o exercício da advocacia pelas mulheres (“30% desistem nos primeiros cinco anos de profissão”) e reafirmou a importância da atuação feminina no mundo do Direito.

CartaCapital: Qual é o principal desafio da Justiça brasileira hoje no enfrentamento à violência contra a mulher?

Daniela Teixeira: A violência contra a mulher é principalmente doméstica. Isso nos cria uma dificuldade muito grande de enfrentamento, porque não adianta colocar a polícia na rua se a violência ocorre na intimidade dessa mulher, em casa ou onde ela trabalha. Para enfrentar a violência doméstica, não temos outro caminho, não tem fórmula mágica. Precisamos educar os nossos jovens: a mulher para não aceitar apanhar, o homem para não bater e as pessoas para denunciar. É muito importante fazer sempre campanhas de esclarecimento.

A polícia não vai nos ajudar em nada, infelizmente, com relação à violência contra a mulher. Das mortes de mulheres, 7 em cada 10 são muito fáceis de serem solucionados, porque é o ex-companheiro que comete esse homicídio. Veja que é um quadro totalmente diferente do homem. O homem é morto na violência do asfalto, na briga de bar, na violência urbana. Vamos conseguir mudar isso com a a educação e com a punição exemplar desses homens agressores.

CC: Por que a punição é importante?

DT:
 É preciso ficar claro que eles serão punidos, porque é isso que faz com o que o seu colega de trabalho, de bar, de futebol, pense duas vezes antes de agredir uma mulher. Por isso insistimos muito na punição do agressor. O agressor que não é denunciado ou punido é um exemplo para os outros homens de que eles vão conseguir sair impunes. É muito importante que seja feita a denúncia e que ele seja processado e julgado. Essa foi a grande inovação da Lei Maria da Penha.

CC: Que inovações a legislação trouxe?

DT: Antes, a gente tinha uma legislação comum que tratava de violência. Era assim: João dá um tapa em José. Um tapa é só um tapa, todo mundo vê, fala para deixar disso, não vai para a delegacia.

Mas se João dá um tapa na mulher dele, na namorada ou na ex-namorada, a chance de isso aumentar é muito grande. Hoje é um tapa, amanhã é um murro, depois de amanhã é um soco e isso vai evoluir provavelmente para uma tentativa de homicídio. A grande evolução da Lei Maria da Penha foi tornar esse tapa não um tapa em Maria, mas um crime contra a dignidade humana, é uma violência contra o gênero mulher.

Independentemente de Maria querer ou não denunciar seu marido, o Estado passou a prosseguir com a ação penal. Estamos dizendo, com essa lei, que completou 10 anos no mês passado, que o Estado brasileiro não permite mais que as mulheres apanhem. E as nossas estatísticas são horríveis. O Brasil é o quinto país com o maior número de violência doméstica contra a mulher.

Então, realmente, é um assunto que precisa ser discutido, debatido e falado. Os maiores índice de violência contra a mulher no Brasil são no Espírito Santo, Alagoas, Piauí e Paraná. Isso mostra que as mulheres apanham muito, de norte a sul do Brasil.

CC: Além das estatísticas, estamos vivendo um momento em que inclusive políticos se sentem empoderados em falar ou incitar a violência contra a mulher. Como é possível fazer essa discussão sobre a violência dentro desse contexto?

DT: É muito difícil assumir esse papel de fazer a defesa das mulheres. Porque é exatamente isso que a gente passa: uma autoridade pública se sente confortável para, numa sessão do Parlamento que discutia o estupro e medidas de combate a violência contra a mulher, para gritar, falar palavras de baixo calão, colocar a mão na cara de uma mulher.

Aquilo é um retrato do que acontece no Brasil: pessoas ainda vivendo no século passado e achando que podem fazer esses atos de violência contra a mulher. É contra tudo isso que estamos tentando uma outra alternativa. Eu costumo sempre falar que estamos vivendo o que os historiadores já estão chamando de primavera feminina, que nós somos um exército anônimo.

Quem é Daniela Teixeira? Eu não sou ninguém e nem quero ser ninguém, mas trago dentro de mim todos os sonhos do mundo. Sou eu e milhares de mulheres. Temos hoje milhares de mulheres fazendo essa revolução silenciosa do “basta”. Eu não vou apanhar e não vou permitir que a minha filha apanhe, minha mãe apanhe ou minha colega apanhe.

As denúncias aumentam a cada dia por isso. É essa conscientização da mulher que é sujeito de Direito. Ele não pode bater nela porque o bife está mal passado, porque ela está de saia, porque terminou o namoro – ela não pode apanhar. E nós estamos conseguindo mudar essa percepção.

Eu tenho 44 anos. Se você pegar uma geração anterior à minha, ainda viam com uma certa normalidade. Hoje, eu não imagino dizendo isso para a minha filha. Se a minha estagiária, de 20 anos, chegar aqui de olho roxo, vou tomar uma providência imediatamente. Jamais diria para ela que isso é normal.

CC: Como sociedade, estamos discutindo a violência contra a mulher da maneira adequada ou com a ênfase que seria necessária?

DT: Acho que existe hoje espaço para discutir e se opor a essa violência. As vozes do atraso sempre vão existir, em qualquer assunto, mas eu tenho essa esperança de que está bem encaminhado. As pessoas estão abertas a entender. Não é uma ideologia de gênero, essa pauta não é da esquerda ou da direita, de rico ou de pobre, de branco ou de negro, as mulheres brasileiras apanham em todas as classes sociais. Acho que existe esse consenso de que é preciso mudar.

CC: A Lei Maria da Penha contribuiu para diminuir em cerca de 10% a taxa de homicídio contra mulheres dentro de casa. Atualmente, a lei pode sofrer modificações. O ponto mais polêmico é a introdução do artigo 12-B, que confere à autoridade policial o poder de conceder ou não as medidas protetivas de urgência – competência que hoje é exclusiva do Poder Judiciário. Como a senhora analisa essas possibilidades de mudança?

DT: Eu sou vice-presidente da OAB-DF e nós somos radicalmente contra a mudança. Primeiro porque a Maria da Penha deu certo, qualquer pessoa hoje no Brasil conhece e sabe que existe. Não há motivo para mudá-la. Segundo, entendemos que a autoridade que pode restringir o direito, qualquer direito, é sempre o juiz, não um delegado. Não é verdade que o delegado está querendo isso para proteger a mulher. Ele quer poder. Ele vai começar protegendo a mulher e vai terminar concedendo medidas restritivas para o ladrão comum.

E a lei funciona. Se a mulher vai na delegacia especializada e pede a medida protetiva, o juiz dá e que funciona muito bem. Na nossa opinião, conceder um poder de restrição de direito a um delegado é uma via de mão dupla. Porque quem disse que ele vai dar? Eu presumo o contrário, que ele não vai dar. Que você vai pedir e o delegado vai fazer corpo mole e dizer para deixar disso. Nós vamos voltar ao que era antes, porque as mulheres sempre foram agredidas e o delegado sempre disse “deixa disso”.

A Lei Maria da Penha não trata só da questão penal, apenas 12% de seus artigos tratam da questão penal. Os outros todos são de prevenção à violência doméstica. Não é para tratar de quem já fez, mas sim para prevenir. A volta a esse sistema policialesco, da delegacia e do delegado, não traz nenhum benefício para nós. Pelo contrário, traz um risco de a mulher comparecer à delegacia e o delegado não fazer nada e ela ficar impossibilitada de pedir uma medida restritiva de direitos ao juiz, que é quem, no nosso sistema, pode pedir essa restrição.

Enxergamos isso como uma briga entre o delegado, o juiz e o promotor, na qual a última pessoa que está importando é a mulher, tanto é que foi a última a ser ouvida. Nenhum movimento de mulher foi ouvido, a OAB não foi ouvida. Ninguém que trabalha com isso foi ouvido. Aí você vê a associação dos magistrados contra e a dos delegados a favor e vai ganhar quem fizer mais força no Congresso.

Nós entendemos que isso não resolve. Era assim antes e não funcionava. Só passou a funcionar com as delegacias especializadas da mulher, as varas de enfrentamento à violência doméstica, com a estrutura do Fórum.

CC: Há hoje redes de advogadas e juristas formadas apenas por mulheres. Qual é a importância de se discutir questões feministas dentro do mundo do Direito, um espaço ainda muito machista?

DT: É muito importante. Eu faço parte de vários grupos, o que eu mais gosto é o Mais Mulheres no Direito. Nós temos especialistas de todas as áreas, juízas, promotoras, advogadas, nesta tentativa de trazer o olhar feminino para todas as áreas do Direito. Na advocacia já somos maioria, até 25 anos somos 60% das OABs, aí a medida que vai envelhecendo cai, mas no nacional já somos 52% de mulheres.

Somos maioria e eu não aceito ser tratada como minoria. Eu respeito as minorias, trabalho por ela, mas particularmente, nesse caso, as mulheres são maioria. Então é muito importante que a gente esteja sempre divulgando esse trabalho de mais mulheres no Direito. É importante que a gente dê visibilidade para isso.

CC: Essa tomada de espaço de poder dentro das esferas maiores do Direito, como a ministra Carmen Lúcia na presidência do STF, o que isso representa para uma jovem advogada?

DT: Muito, é exatamente olhar para cima e ver hoje que as duas maiores autoridades do Judiciário são mulheres. É a presidente da Suprema Corte, a Carmen Lucia, e a advogada-geral da União, [Grace Maria Fernandes Mendonça] mulheres comprometidas com essa pauta feminina. A ministra Carmen foi a primeira mulher a entrar de calça no STF.

É muito interessante, naquele dia o fato de ela ter entrado de calça comprida foi notícia em todos os jornais e revistas brasileiras. Parece que a gente mora na Arábia. Eu faço muitas palestras e levo prints desse dia de notícias. É surreal ter uma notícia dessas na capa dos principais jornais. Uma mulher entrar de calça no STF é notícia. Você vê que ela fez aquilo para provocar e dizer “olhar, eu vou de calça, não tem cabimento”.

A ministra Carmen é uma libertária, é uma amante das ideias feministas. Acho que vai ser muito bom tê-la como presidente do STF porque ela vai enfrentar essa pauta. No seu primeiro dia como presidente ela já disse que as mulheres sofrem preconceito sim. Eu imagino exatamente isso: uma jovem bacharel em Direito que está começando agora, tem em quem se inspirar, o céu é o limite agora.

Deixou de ser um universo totalmente masculino. Acho que é inspirador. É um caminho mais fácil do que para mim. Quando eu estava me formando eram 11 ministros homens. Então veja, está melhorando, em passos de formiga, mas está.

CC: Com relação à OAB-DF, que medidas vocês estão tomando para trazer visibilidade para a pauta da mulher quanto ocupar esses lugares de poder?

DT: Muitas. O ano de 2016 foi declarado o ano nacional da mulher advogada. Nós criamos o Plano Nacional da Mulher Advogada e comissões da mulher em todos os 27 estados, queremos criar essas comissões até o final do ano em todas as sub-sessões do Brasil. Então nos deu uma capilaridade imensa, eu sou membro da Comissão Nacional da Mulher Advogada, então hoje conseguimos resolver de forma muito rápida. E estamos realizando várias medidas de apoio à jovem advogada.

CC: Quais?

DT:
 A estatística pior para mim é que 30% das mulheres desistem da advocacia com cinco anos de formada. Pesquisamos e o motivo é a gravidez. Não é o filho, porque ela tem uma rede de apoio de pai, mãe, creche, marido. Filho tem quem ajude. Como ela faz com a gravidez? Ela não tem salvação. E desiste da advocacia. Aqui em Brasília, se você pesquisar, tem uma advogada, a Alessandra. Seu parto estava marcado para segunda e a audiência marcada para quarta em um processo que tem 11 anos e estava parado há três. Ela pediu adiamento e o juiz indeferiu. Ele falou que não, que se ela não tinha condições de fazer, que passasse para outro.

Nós fizemos o maior desagravo da história, colocamos 400 advogados na porta do juiz para dizer que aquilo era um absurdo e feria a dignidade humana daquela advogada. A nossa Constituição é a única do mundo que fala que a criança é prioridade absoluta e o que ela leva ali é uma criança, não uma barriga. E tivemos muita repercussão. O CNJ concordou conosco, disse que o juiz estava errado, mas o tribunal de justiça do DF nunca fez nada para dar um primeiro passo. De lá para cá, desde fevereiro, nunca mais tivemos casos de juiz que não tenha adiado a audiência de uma advogada grávida.

Nós fizemos um projeto de lei que acabou de ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e foi para o Senado e está aguardando relatoria. Foi na sexta-feira para o Senado. Na Câmara aprovamos na CCJ esse projeto de lei que dá 30 dias de suspensão do prazo para a advogada gestante. Temos muita esperança de aprovar esse projeto no Senado e já vai resolver muito a situação das grávidas. E há pequenos detalhes: o PL proíbe a advogada de passar pelo raio-x, dá vagas preferenciais no estacionamento, dá atendimento preferencial caso ela vá fazer uma sustentação oral.

CC: Na sua atuação profissional, que tipo de entrave você sofreu e que tipo de mudanças você vê do dia que você começou até agora?

DT: Eu sempre trabalhei em escritórios grandes de São Paulo e sempre ganhei menos do que os homens sócios. E é silencioso isso. Toda mulher ganha menos e ninguém te explica porque: você produz igual e é sócia igual, mas ganha menos. Mas a maior dificuldade que eu tive foi na gravidez.

Eu era da OAB, fui fazer uma sustentação oral no Conselho Nacional de Justiça com o ministro Joaquim Barbosa. Pedi para que o meu processo fosse chamado antes e ele indeferiu, dizendo que não havia precedente legal. Um advogado chegou a ir para a tribuna dizendo que daria a vez para mim e o ministro, sempre de forma muito grosseira, chegou a dizer que quem mandava era ele e disse que não, que o meu direito individual não se sobrepunha ao direito público da pauta. Que a pauta seria cumprida e que se eu não podia esperar, que eu fosse embora.

Eu fique lá das oito da manhã às cinco da tarde, sem comer, sem beber, nervosa e saí de lá direto para o hospital. Fiquei 15 dias internada e não consegui segurar o bebê. Minha bebezinha nasceu com 29 semanas e ficou 61 dias na UTI. Quando foi divulgado o caso, eu passei a receber denúncias do Brasil inteiro e isso acontecia todos os dias com as advogadas.

Foi quando eu mandei pesquisar a relação entre a gravidez e o abandono da advocacia e vi que era real, de cada 10, três vão embora. Por esse desrespeito. E é tão simples de corrigir, mas que não podemos esperar pelo bom senso. O bom senso não existe, se existisse não precisava de Código Penal, do Código Civil. Por isso que a gente leva esse projeto de lei adiante – ele para mim é um filho. Para mim é uma meta de vida aprovar esse projeto.

+ sobre o tema

Como certo feminismo mordeu a isca neoliberal

Para uma das grandes estudiosas norte-americanas do movimento das...

Brasil tem 34 projetos de lei estadual para impedir uso da linguagem neutra

Em 19 estados brasileiros e no Distrito Federal, o...

para lembrar

Chimamanda Adichie: “Sejamos todos feministas”

MÁ EDUCAÇÃO A escritora Chimamanda Adichie, fotografada em Londres, em...

Amor à Vida, afeto entre homens e os limites da masculinidade – por Jarid Arraes

Entre o beijo do casal gay e a reconciliação...

Marido espanca mulher e depois apanha de vizinhos

Um homem de 30 anos foi detido por policiais...

Nem mulatas do Gois e nem no “interior” de Grazi Massafera

Chega a ser ridícula a mania de querer mostrar...
spot_imgspot_img

Feira em Porto Alegre (RS) valoriza trabalho de mulheres negras na Economia Popular Solidária

A Praça XV de Novembro, no centro de Porto Alegre (RS), será palco de uma importante mobilização entre os dias 7 e 9 de...

Exposição de Laudelina de Campos recupera o trabalho doméstico na arte brasileira

Nomeada heroína da pátria em 2023, Laudelina de Campos Mello foi uma das mais importantes militantes pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. Nascida em Poços de...

Mulheres negras ganham em média R$ 500 a menos na Paraíba

As mulheres negras recebem um salário médio R$ 525,52 menor do que as não negras, na Paraíba. No estado, as profissionais negras ganham, em...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.